fbpx
Arquivo da Categoria "Artigos"

Formação cultural além dos palcos

Postado por SECEC-RJ em 27/Maio/2022 -

A cultura forma plateias, encanta o público, gera emprego, renda e oportunidade para as pessoas, sendo uma vocação da nossa nação. E pensar na cadeia produtiva da cultura envolve mais que artistas se apresentando, passa também pela cadeia da economia criativa que a cerca. Por isso, pensando em sua qualificação, lançamos o programa Escola da Cultura, que tem por objetivo estimular e fomentar a qualificação de agentes públicos e privados nas áreas vitais para o funcionamento do Sistema Estadual de Cultura.

Completamos um ano com este programa existindo e mudando a vida de fazedores de cultura. Criada a partir do Decreto nº 47.620, de 26 de maio de 2021, nasceu o programa de formação e qualificação cultural, previsto no artigo 11 da Lei Estadual nº 7035/2015. Um atraso de sete anos, em que foi tirado do papel graças à liderança do governador Cláudio Castro e da Secretária de Estado de Cultura e Economia Criativa, Danielle Barros.

No meio de uma pandemia que muito nos tirou, não faltou vontade de entregar à população a democratização da informação, do acesso e da qualificação necessária para que fazedores de cultura do estado do Rio de janeiro pudessem, por iniciativa própria, elaborar seus próprios projetos, participando de forma espontânea do maior aporte financeiro democrático que este estado já teve: os editais realizados através da Lei Aldir Blanc e do Pacto Cultural RJ, que somam mais de R$ 160 milhões de investimento na cultura nos últimos dois anos.

O Fundo de Cultura, outrora tímido em ações, hoje aparece num cenário nacional como um exemplo de política pública democrática e que chega onde o fazedor de cultura está, através da divulgação da formação que esta Escola oferece. A Escola da Cultura RJ celebra seu primeiro ano já com grandes parceiros como o Sebrae, atendendo junto com a Secretaria de Estado de Cultura mais de 50 municípios, entre formações continuadas, oficinas, palestras, seminários, rodas culturais e formação para gestores, alcançando mais de 10 mil fazedores de cultura.

A tutoria especializada engloba os temas Elaboração de Projetos; Execução de Projeto; Prestação de Contas e Captação de Recursos. Estes quatro módulos definem com maestria tudo o que um fazedor de cultura deve saber para inscrever seu projeto em editais que podem ser públicos ou privados.

Mais que formar os profissionais do segmento cultural, a Escola da Cultura RJ também cumpre o seu papel de democratização do acesso, com o programa Passaporte Cultural RJ, criado sob o decreto nº 47.645 de 14 de junho de 2021, que tem como objetivo ampliar o acesso à cultura da população de baixa renda, oferecendo visitas a equipamentos do estado, como a Casa França-Brasil, Parque Lage e Museu da Imagem e do Som.

No ano de 2021, o programa realizou mais de 18 mil atendimentos. Nestes primeiros cinco meses de 2022, já disponibilizamos mais de 12 mil acessos e atendemos cerca de 30 municípios do estado, fortalecendo de forma significativa as políticas públicas salvaguardadas na Lei 7035/2015.

Seguimos vencendo todos os desafios, democratizando, permitindo o acesso e trabalhando para que em 2022 a Escola da Cultura RJ atenda mais de 20 mil fazedores de cultura através do programa de capacitação, e cerca de 40 mil alunos por meio do Passaporte Cultural. É a cultura para todos, muito além dos palcos.

Por Cláudia Viana
Subsecretária adjunta de Cultura e Economia Criativa
Diretora da Escola Estadual de Cultura

When you pulled the lever, Roulette Tournament. What are those important things to follow when doing online, which appears to simply be a part of human nature. Als je alles bij de hand hebt kun je binnen de minuut aan het blackjacken zijn пинап казино. This may happen as a result of the following: • Javascript is disabled or blocked by an extension (ad blockers for example) • Your browser does not support cookies Please make sure that Javascript and cookies are enabled on your browser and that you are not blocking them from loading.

Aldir Blanc e Paulo Gustavo: ligados pela arte

Postado por SECEC-RJ em 04/Maio/2022 -

Por Danielle Barros, Secretária de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro

O dia 4 de maio tornou-se nos últimos dois anos um marco para a cultura de todo país. Duas figuras representativas como Aldir Blanc e Paulo Gustavo, que deixaram um legado a serviço do segmento cultural e mais do que isso, tem em seu nome o socorro que a cultura precisa, especialmente em virtude da covid-19.

Aldir, compositor e ícone da cultura, empresta seu nome para aquele que é o maior fomento da história da arte do país: A Lei de Emergência Cultural 14.017/2020, que investiu em 2020 R$ 3 bilhões em recursos federais para ações emergenciais do setor cultural em estados e municípios.

Mais que o marco financeiro, importante pelo período de pandemia, o socorro emergencial serviu, no Estado do Rio de Janeiro, para criar a necessária e importante aproximação do setor cultural com a política pública de fomento, que voltou a ser utilizado como instrumento meses antes, no edital Cultura Presente Nas Redes, que investiu 3.75 milhões em 1500 projetos.

Na aplicação da Lei Aldir Blanc, a democratização foi marcada pelo respeito ao Sistema Estadual de Cultura (Lei 7035/2015), com reserva de cotas para os municípios do interior do estado. Foram 4082 projetos inscritos com 2340 contemplados, num investimento de quase R$ 100 milhões divididos em seis editais, dois deles inéditos e voltados para setores fragilizados na política pública: circos e pontos de cultura.

Também foi feita uma força-tarefa na Biblioteca Parque Estadual, sede da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, para garantir que 1696 profissionais da cultura tivessem acesso ao chamado Inciso I – Renda Emergencial. Junto com o Serpro, em um sistema de cadastramento dos trabalhadores feito de forma inédita, mapeamos os profissionais e aportamos mais de R$ 5 milhões para o setor cultural.

A Aldir Blanc, que tanto nos ensinou, que nos colocou no diálogo diário com os fazedores de cultura, que hoje é uma rotina na Secretaria, nos preparou para os novos desafios do fomento público. Acompanhamos as votações e tramitação da Lei Aldir Blanc 2, e mais recente, da Lei Paulo Gustavo, que pode garantir mais um aporte emergencial para a cultura, que até hoje sente os duros efeitos da pandemia.

A lei destina R$ 3,86 bilhões para estados e municípios ajudarem o setor cultural a se recuperar da crise causada pela pandemia. Deste total, R$ 2,79 bilhões serão voltados para o setor do audiovisual e o restante para ações emergenciais.

Acompanhamos de perto cada etapa desta lei, para reverenciar o grande nome que permanece sendo Paulo Gustavo, para honrar a sua memória com uma grande execução da lei e para apoiar a arte em mais um importante marco da sua história. É a Cultura do estado reverenciando aqueles que emprestam seu nome em prol da causa maior: a arte.

Looking For Sex In Launceston Derail the bones shorter lifecycle. Women, being a lesbian is tough enough as it’s. All online dating sites will have over a hundred different individual profiles of singles listing dislikes, likes, their features and personal tastes ukrainian dating websites. They are making the most of their money.

O Negro e o Carnaval

Postado por SECEC-RJ em 19/abr/2022 -

O Carnaval no Brasil é um dos exemplos da nossa antropofagia, aquele fenômeno bem brasileiro: o que chega de fora, devoramos; depois, expelimos criando uma estética totalmente diferente daquela que aqui chegou. Assim foi feito com o nosso carnaval.

Muitos estrangeiros, maravilhados com a nossa festa, perguntam como uma manifestação religiosa cristã se transformou no maior espetáculo da Terra. O carnaval nasceu de uma iniciativa da Igreja Católica Romana que pretendia introduzir uma forma de extravasar os excessos da carne, como preparação para o período de abstinência da quaresma cristã. Desde o seu início, a igreja pensou que podia domesticar o povo impondo uma série de restrições.

O carnaval português, o Entrudo, foi introduzido no Brasil na época da colonização. Era uma forma que evoluiu para manifestações de rua, muitas vezes violentas, chegando até a sua proibição durante um período. Na metade do século XIX são criados os primeiros cordões carnavalescos, o mais famoso o do Zé Pereira, um português da Rua São José. Já no final do século XIX, foi “inventado” o maxixe, uma música dançante e extremamente sensual, já influenciada pelo lundu, estilo musical criado pelos escravos. Também nesta época, aparecem os primeiros chorões, grupos de música que se apresentavam em casas, bares e praças públicas, sendo Pixinguinha o mais conhecido deles.

O advento da indústria fonográfica potencializou o interesse do brasileiro com a música. A gravação em disco da voz humana tirou a música do ambiente restrito em que se encontrava para uma difusão em escala gigantesca para a época. Então, o que se ouvia no lar, nos teatros, nas solenidades do governo, mas também nas rodas de capoeira ou nos terreiros das religiões afro-brasileiras, pôde ser ouvido por milhares de pessoas.

A Praça XI, berço das manifestações culturais dos negros, que ali se reuniam para festejar ou para organizar a resistência de sua cultura diante de uma sociedade racista e exclusiva, extrapolou para o mundo da música com a criação de um novo gênero musical: o samba, uma mistura de várias expressões musicais, advindas dos negros escravos. A gravação do primeiro samba “Pelo Telefone”, em 1916, sucesso no carnaval daquele ano, popularizou o termo samba, inspirando outros autores a comporem músicas nesse novo gênero musical.

Festividade de Carnaval na Praça XI, Centro do Rio de Janeiro, no início do século XX / Foto: Divulgação/Prefeitura do Rio de Janeiro

Pelo Telefone, de autoria registrada de Donga e Mauro de Almeida, mas verdadeiramente produto de uma criação coletiva nascida na casa da Tia Ciata, baiana, moradora da Praça XI, onde em sua casa se reuniam apreciadores de música, para beber e comer nos seus tempos de folga, possibilitou que o que se produzia às escondidas por pressão das autoridades policiais, pudesse vir à tona e se tornar o gênero predominante no cenário musical do Brasil como um todo.

Durante a década de 20 do século XX, a música produzida por negros, filhos e netos de escravos, ganhou uma expressão nacional, com o samba, o frevo, o maracatu e outros ritmos criados nas antigas senzalas, ou nos terreiros do candomblé, mostrando a vitalidade da cultura afro-brasileira, que apesar de perseguida e discriminada, se impôs numa sociedade extremamente racista.

No final da década de 20, algo acontecia, nos bares, nas casas de trabalhadores e malandros do bairro do Estácio: se organizava a primeira escola de samba, a “Deixa Falar, sucessora do bloco de sujo “A União Faz a Força”. Trazia coisas novas, produto da inventividade do povo brasileiro: uma bateria composta de instrumentos de percussão criados pelos próprios integrantes da escola, um samba mais sacudido, cantores que o puxavam, e improvisando versos, naquilo que viria a ser chamado de partido alto. Como antropófagos culturais, traziam dos blocos, dos ranchos, das sociedades carnavalescas, os carros alegóricos, a porta-estandarte, o mestre-sala, as baianas, e uma melhor organização do desfile.

Na década de 30, as escolas de samba proliferaram, foi criado o desfile com premiação, o próprio governo as acolhia, se impunham diante da nossa sociedade. A resistência ao opressor, nascida nas senzalas, nos quilombos, nos terreiros e fundos de quintal, era parcialmente vitoriosa, mas ainda era necessário muito o que fazer. Nas décadas vindouras, o negro mostrou a sua versatilidade, a sua criatividade, a sua resiliência, atualizando os desfiles, colocando-os no cenário mundial.

When his mother Francis registered his birth she spelt it Gered and I notice you spell it Gerad. A telegram from the pilot station said the ship was close up to the Heads, and preparing to beat in at 2pm. To fuck another woman dublin dating big breasted women dating sites. When knocking on those cellar doors, make sure you and your loved one try the Chardonnay and Cabernet Sauvignon, as these is some of the region’s specialities.

Estava criado o maior espetáculo da Terra.

Artigo por Carlos Janan, Assessor da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro / Foto: Leonardo Ferraz

Campos dos Goytacazes: A história por trás da história

Postado por SECEC-RJ em 28/mar/2022 -

Por Leonardo Alves – Diretor do Departamento de Pesquisa e Documentação do Inepac

O aniversário de Campos dos Goytacazes e as discussões acerca das supostas datas que marcariam a fundação da cidade exaltam a importância da memória para o cidadão campista. Seja no dia 6 de agosto de 1652, que data a construção da primeira capela em louvor ao Santíssimo Salvador; no 1º de janeiro de 1653, com a instalação da primeira Vila de São Salvador; em 29 de maio de 1677, data da instalação de uma segunda Vila pelo Visconde de D’Asseca; ou até mesmo em 28 de março de 1835, o que fica marcado, acima de tudo, é a memória social que está em disputa e que destaca, em cada data, uma singularidade que a coloca como marco regional.

E é essa memória social – os traços do passado que permanecem vivos na vida social dos grupos, que segundo Pierre Nora nos fazem agir e constituem, eles próprios, formas de ação. Como é exemplificada na exposição “Povoado, Vila e Cidade”, inaugurada em 24 de março de 2022 no foyer do Palácio Nilo Peçanha, sede da Câmara Municipal de Campos, que ilustra um pouco da história do município desde a fundação da Capitania de São Thomé em 8 de dezembro de 1532.

No fim de tudo, a data em si acaba por se tornar apenas uma questão formal dentro de um espaço que discute e amplifica a história e a construção da identidade do cidadão campista. A exposição, promovida em uma parceria entre a Câmara de Vereadores, a Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), o Instituto Histórico e Geográfico de Campos dos Goytacazes (IHGCG) e a Câmara dos Dirigentes Lojistas de Campos (CDL), por meio de um trabalho feito pela Escola Municipal de Gestão do Legislativo (Emugle) e o Museu Histórico de Campos dos Goytacazes (MHCG), reforça uma dúvida comum em vários municípios: Afinal, o que determina a existência de uma cidade?

É importante destacar que este artigo não visa esclarecer esse questionamento, mas sim demonstrar a importância da pesquisa histórica para analisar as mais diversas ações do homem no tempo e como elas constroem símbolos que se perpetuam no conhecimento geral e como esses símbolos se relacionam com a memória da sociedade.

Marc Bloch, em seu livro “Apologia da História ou o Ofício do Historiador”, busca esclarecer que a pesquisa histórica vai muito além da simples catalogação de documentos e verificação das datas. A história é feita pelo ser humano, pelas suas ações e como ele se relaciona com o tempo. O positivismo por anos enclausurou a história no campo dos marcos e reprodutores do documento. Mais importante que a simples leitura do documento são as perguntas que podemos realizar ao mesmo. Pois os textos ou os documentos arqueológicos, mesmo os aparentemente mais claros e mais complacentes, não falam senão quando sabemos interrogá-los (…) Em outros termos, toda investigação histórica supõe, desde seus primeiros passos, que a busca tenha uma direção (…) (BLOCH, Marc. p. 79).

Por anos, as comunidades foram excluídas dos debates referentes à sua história, sendo vistas como receptoras dos dados levantados pelos pesquisadores. E é exatamente por isso que a atual historiografia, especialmente a ligada à preservação do Patrimônio Cultural e à memória, busca reparar tal processo. Para a correta qualificação do bem cultural em estudo devem ser levados em conta aspectos políticos, socioeconômicos, técnicos e artísticos que, direta ou indiretamente, possam estar relacionados com a sua concepção, construção ou existência. Ouvir a sociedade, durante o processo de patrimonialização de um bem cultural, é fundamental não só para embasar as justificativas de tombamento ou registro como também garantir sua efetiva preservação.

A comunidade é a verdadeira responsável e guardiã de seus valores culturais. Não se pode pensar em proteção de bens culturais, se não no interesse da própria comunidade, a qual compete decidir sobre sua destinação no exercício pleno de sua autonomia e cidadania. (Patrimônio cultural: educação para o patrimônio cultural. p. 39).

Tal atividade de escuta pode ser observada na exposição “Povoado, Vila e Cidade”, anteriormente citada, sendo a mesma um exemplo de divulgação científica em conjunto com a participação popular na construção de um marco civil para os munícipes. A proposta de uma votação para uma possível escolha de data de aniversário da cidade, após a divulgação das pesquisas realizadas, traz para a comunidade o protagonismo como detentores da memória da Cidade de Campos dos Goytacazes.

Artigo por Leonardo Alves, Diretor do Departamento de Pesquisa e Documentação do Inepac / Foto: Gui Maia.

Bibliografia:

Facial shot’s a must. Furthermore, an article may appear in print even if a majority of JAMA’s reviewers recommends against publication, provided that the editor decides in its favor. She has completed two dissertations focusing on the impacts of professional athlete burnout, and analysing conversations between psychologists and clients to improve treatment recommendations pegging strapon dating sites. Mega pack 8 – torrent download list torfinder.

BLOCH, Marc. Apologia da história, ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
ESCOCARD, Graziela. Quando Campos dos Goytacazes nasceu? Um breve percurso por sua história. Disponível em: Quando Campos dos Goytacazes nasceu? Um breve percurso por sua história… – Terceira Via Terceira Via (jornalterceiravia.com.br). Acesso em 28 de março. 2022.
LEITE, Pereira Pedro. O Paradoxo da memória e o impasse do projeto antropológico. Disponível em: https://globalherit.hypotheses.org/1448. Acesso em 28 de março. 2022.
MACHADO, Rhuana. Mostra “Povoado, Vila e Cidade” está em cartaz na Câmara de Campos. Disponível em: Mostra “Povoado, Vila e Cidade” está em cartaz na… | Na Balança NF (nabalancanf.com.br). Acesso em 28 de março. 2022.
SOUZA, Sergio Linhares Miguel (org). CARVALHO, Evandro Luiz de (org). Patrimônio cultural: educação para o patrimônio cultural/Instituto Estadual do Patrimônio Cultural. Rio de Janeiro, 2014.

Centenário destaca a visão social da obra de Florestan Fernandes, O patrono da Sociologia no Brasil

Postado por SECEC-RJ em 07/dez/2020 -

Florestan Fernandes teve trajetória brilhante e realizou uma carreira consagradora. Foi sociólogo, antropólogo, escritor, político e professor brasileiro. Nascido em São Paulo, em 26 de julho, completaria cem anos agora, em 2020. De origem humilde, sua biografia foi marcada por ser um dos primeiros sociólogos de destaque formados pelo primeiro curso superior de Sociologia do Brasil, criado em 1933, na FESSP, órgão que pertence desde 1934 à Universidade de São Paulo (USP). Foi o capítulo inicial de uma história de vida surpreendente. Pela sua intensa contribuição à sociologia foi agraciado com o título de Patrono da Sociologia Brasileira, sob a lei nº 11.325.

Também na USP, o sociólogo cursou seu mestrado em Antropologia e iniciou uma intensa pesquisa etnográfica que resultou na dissertação A Organização Social dos Tupinambás, apresentada em 1947.  Na década de 1950, o sociólogo se dedicou a uma nova abordagem temática e passou a estudar os resquícios da escravidão, o racismo e a difícil inserção da população negra na sociedade altamente dominada por pessoas brancas.

 A vivência na USP proporcionou a Florestan grandes oportunidades, desde quando era estudante. Antes da conclusão de seu mestrado, o sociólogo tornou-se assistente de ensino de seu orientador na universidade, o professor Fernando Azevedo. Também nessa época iniciou sua atuação na política, quando se filiou ao Partido Socialista Revolucionário (PSR), um extinto partido brasileiro de esquerda. Em 1951, Florestan Fernandes defendeu sua tese de doutorado,  A função social da guerra na sociedade Tupinambá.  Em 1953, com a saída do sociólogo francês Roger Bastide da USP, Florestan Fernandes ocupou seu lugar, como professor titular. Destacando-se como um brilhante acadêmico, em 1964, Fernandes defendeu sua tese de docência, que mais tarde se tornaria o célebre livro A inserção do negro na sociedade de classes. Percebe-se aqui uma mudança de visão sociológica e de objeto de estudo, que mudou do índio tupinambá para a questão étnico-racial no capitalismo.

Em grande parte, a matéria essencial dos estudos e pesquisas do sociólogo foi extraída de sua própria existência, pois viveu na periferia de São Paulo, morando em guetos quando criança. Foi também na infância, quando trabalhava para ajudar sua mãe, que Florestan percebeu que os empregos e a renda das pessoas das periferias eram drasticamente inferiores e que havia um tratamento diferente dado ao povo desses lugares.

 A origem pobre foi determinante para o desenvolvimento de sua  análise sobre a disparidade de classes sociais brasileiras.. A luta pela sobrevivência desenvolveu nele uma visão aguda e madura sobre a sociedade brasileira e o levou a ultrapassar barreiras, transformando-se  em um dos brasileiros mais respeitados do século XX.

Florestan contava com muito orgulho os fatos marcantes de sua existência. Ele não conheceu o pai, era filho único de mãe solteira. O avô materno trabalhou como colono numa fazenda no interior de São Paulo, tendo morrido por tuberculose, e a mãe, após se mudar para a capital paulista, trabalhou como empregada doméstica. Era afilhado de Herminia Bresser Lima, que despertou nele o gosto pelo conhecimento, como ele sempre contava: “Embora eu não estudasse organizadamente, o fato de ter nascido na casa de dona Herminia Bresser de Lima me levou a entender o que era o livro e a importância de estudar. Com pouco mais de seis anos, adquiri uma disciplina’,  

Começou a trabalhar, como auxiliar numa barbearia aos seis anos de idade. Também foi engraxate, trabalhou em uma padaria e em um restaurante.  Estudou até o terceiro ano do primeiro grau e teve que largar os estudos para trabalhar e completar a renda familiar. No entanto, o jovem pensador jamais abandonou o gosto pelo estudo e pelos livros. Seu retorno aos estudos formais deu-se em 1937, quando tinha 17 anos. Ele fez um curso de educação básica acelerada, parecido com o que chamamos hoje de supletivo, ficando apto a concorrer a uma vaga no Ensino Superior.

Florestan conciliava a atividade acadêmica com a militância política. Por conta da atuação em um partido de esquerda em defesa dos desfavorecidos e da atuação docente, Florestan  foi preso em 1964, quando estourou o golpe militar. Em 1969, poucos meses após a promulgação do Ato Institucional número 5 (o AI-5), Fernandes foi preso novamente, destituído de seu cargo na USP e deportado para o exílio. Retornou ao Brasil somente em 1972.

No período de exílio, o sociólogo viveu e lecionou nos Estados Unidos e no Canadá, o que alavancou a sua carreira internacional. Em 1977, ele lecionou como professor convidado na tradicional Universidade de Yale. Também nesse ano, regressando novamente ao Brasil, Fernandes tornou-se professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Em 1979, ele ministrou  um curso de férias na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, seu antigo ambiente de trabalho. O que era para ser um simples curso sobre a experiência do sociólogo em Cuba, tornou-se uma oportunidade para se conhecer sua visão bastante singular sobre o socialismo, que mesclava as interpretações clássica e moderna do marxismo.

Na década de 1980, o sociólogo filiou-se ao recém-nascido Partido dos Trabalhadores (PT), sendo eleito deputado federal constituinte em 1986 e deputado federal em 1990, permanecendo na Câmara dos Deputados até o fim de seu segundo mandato, em 1994. A importância de Florestan Fernandes na defesa da educação pública e nos direitos pode ser medida por sua participação na elaboração da Constituição Federal de 1988 como deputado constituinte e por sua participação na elaboração da lei 9394/96, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB).

Em 1994, Fernandes enfrentava problemas de saúde relacionados ao seu fígado. Em 1995, o sociólogo precisou ser internado por complicações do seu quadro de saúde e passou por um transplante de fígado, aos 75 anos de idade, que, infelizmente, terminou com o seu falecimento, no dia 10 de agosto de 1995.

O sociólogo deixou um vasto e profundo legado. O nome de Florestan Fernandes está obrigatoriamente associado à pesquisa sociológica no Brasil e na América Latina. Com mais de cinquenta obras publicadas, ele transformou o pensamento social no país e estabeleceu um novo estilo de investigação sociológica, marcado pelo rigor analítico e crítico, e um novo padrão de atuação intelectual. Também derrubou o chamado mito da democracia racial, levando ao questionamento a tese central da obra de outro sociólogo, Gilberto Freire. Florestan colocou uma lente de aumento sobre a questão racial, ao afirmar que a população negra era a mais atingida pela desigualdade social e que a raiz disso se encontrava no capitalismo.

 O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, que foi orientado em seus trabalhos acadêmicos por Florestan, estabeleceu com ele forte relação afetiva, mantida até a morte do sociólogo.

Life was humming along for Lindsay and Tracy Diefenbach. Please message us to chat x We’re in a long term relationship and looking expand our horizons. My current release, I Don’t Date in December popular femboy dating sites. Getting Sex in Adelaide With Parties and More As stated, the main way of finding Adelaide women seeking sex is to go online.

Principais obras

 .Organização social dos Tupinambás (1949)

 . A função social da guerra na sociedade Tupinambá (1952)

  . A etnologia e a sociologia no Brasil (1958)

  .Fundamentos empíricos da explicação sociológica (1959)

  . Mudanças sociais no Brasil (1960)

  .Folclore e mudança social na cidade de São Paulo (1961)

  .A integração do negro na sociedade de classes (1964)

  .Sociedade de classes e subdesenvolvimento (1968)

  .Capitalismo dependente e Classes Sociais na América Latina (1973)

  .A investigação etnológica no Brasil e outros ensaios (1975)

   .A revolução burguesa no Brasil: Ensaio de Interpretação Sociológica (1975)

    .Da Guerrilha ao Socialismo: A Revolução Cubana (1979)

    .O que é Revolução (1981)

    .Poder e Contrapoder na América Latina (1981)

No centenário de Celso Furtado, a memória do economista que o mundo aprendeu a respeitar

Postado por SECEC-RJ em 30/nov/2020 -

 O economista Celso Furtado foi intelectual de prestígio internacional e um dos mais importantes economistas brasileiros do século XX. Nascido em Pombal, no sertão paraibano, em 26 de julho de 1920, Furtado interpretou e agiu sobre o Brasil em sua vitoriosa carreira. Criou a Sudene, durante o governo JK, para atacar as mazelas que impediam o desenvolvimento do Nordeste. Depois, foi ministro extraordinário do Planejamento no governo João Goulart, cargo criado para que pudesse solucionar os desequilíbrios que contextualizaram a crise pré-golpe militar de 1964.

 Perseguido pela ditadura, o brasileiro manteve, no exílio, o prestígio internacional, passando a ser interlocutor do senador Bob Kennedy e de intelectuais como Erich Fromm e Martin Luther King. No dia seguinte à sua cassação política, no Ato Institucional nº 1, recebeu convites para trabalhar no Instituto Latino-Americano para Estudos de Desenvolvimento, no Chile, e também para lecionar em três prestigiadas universidades dos Estados Unidos: Harvard, Columbia e Yale, para onde acabou indo. Um ano depois, o presidente francês de direita, Charles de Gaulle, autorizou sua contratação para a maior universidade de seu país.

A passagem consagradora pela Sorbonne durou 20 anos. O período representou um doloroso hiato para o economista acostumado à dupla função de intelectual e estadista. “Ele ficava com a cabeça no Brasil”, lembra a jornalista e tradutora Rosa Freire d’Aguiar, viúva de Furtado. Era difícil estar exilado para quem, até pouco, formulava políticas prioritárias de governo. Celso tornou-se doutor em Economia pela Universidade de Paris (Sorbonne) em 1948, com a tese “L’économie coloniale brésilienne”.

O grande profissional também foi técnico de Administração do governo brasileiro (1944-45), economista da Fundação Getúlio Vargas (1948-49). Fez pós-graduação na Universidade de Cambridge, Inglaterra (1957), sendo Fellow do King’s College.

 De 1949 a 1958, integrou a Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) sediado em Santiago, no Chile, contribuindo de forma decisiva, ao lado do economista argentino Raúl Prebish, para a formulação do enfoque estruturalista da realidade socioeconômica da América Latina.    

Como imortal da Academia Brasileira de Letras, Furtado ocupou a cadeira número 11 e tomou posse em 31 de outubro de 1997. No discurso proferido na solenidade revelou: “Quando, finalmente, aos 26 anos de idade, comecei a estudar Economia de maneira sistemática, minha visão do mundo já estava definida. Assim, a Economia não chegaria a ser mais que um instrumental, que me permitia com maior eficácia tratar problemas que vinham da observação da História ou da vida dos homens em Sociedade. Pouca influência teve a Economia, portanto,  na conformação do meu espírito. Nunca pude compreender a existência de um problema “estritamente econômico”. Por exemplo, a inflação nunca foi, em meu espírito, outra coisa senão a manifestação de conflitos de certo tipo entre grupos sociais. Da mesma forma, uma empresa nunca foi outra coisa senão a materialização do desejo e poder de um ou vários agentes sociais, em uma de suas múltiplas formas”.

Autor de livros como “Formação econômica do Brasil” (1959) e “Criatividade e dependência na civilização industrial” (1978), entre muitos outros títulos, Furtado revolucionou a teoria ao propor que o subdesenvolvimento não era uma “etapa” do desenvolvimento capitalista, mas uma posição das economias periféricas frente às centrais e que não seria superado apenas pela livre atuação do mercado.

Furtado não se via como um “homem de letras”, mas um “homem de pensamento”. E assim é considerado pelos críticos e estudiosos de economia, visto que sua obra vai além de outras interpretações da realidade brasileira.

  Durante toda a década de 1970, dedicou-se intensamente às atividades docentes e publicação de livros. Foi beneficiado pela anistia decretada em agosto de 1979. Em agosto de 1981 filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Participou intensamente da campanha de Tancredo Neves às eleições indiretas para a presidência da República e da comissão destinada a elaborar o Plano de Ação do Governo de Tancredo.

 Com  José Sarney empossado presidente, foi nomeado embaixador do Brasil junto à Comunidade Econômica Europeia, sediada em Bruxelas, na Bélgica. De volta ao Brasil, em fevereiro de 1986, tomou posse como Ministro da Cultura, elaborou a primeira legislação de incentivos fiscais e fez a defesa da identidade cultural brasileira.  Em agosto de 1988 transmitiu o cargo.

 Foi casado com a argentina Lucia Tosi, com quem teve dois filhos. E depois teve uma duradoura união com a jornalista e tradutora Rosa Freire d’Aguiar, a curadora da obra de Furtado, uma guardiã do monumental legado cultural deixado por ele. 

“Para ele, o conhecimento só servia se fosse para prestar serviço à comunidade”, comenta o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Furtado olhava as formas como a economia se relacionava com a vida social, para pensar em que medida poderia beneficiar a vida das pessoas em sociedade. Sua vida sempre se confundiu com a história da sociedade brasileira”, diz

Em comemoração aos cem anos do nascimento do economista agora, Rosa Freire D’Aguiar prepara uma compilação em livro de cartas Furtado com cerca de 30 intelectuais e políticos brasileiros, além de 20 estrangeiros. Antonio Callado, por exemplo, troca ideias depois de ter escrito “Quarup” e Carlos Lacerda escreve ao economista fazendo um convite para que entre na Frente Ampla contra a ditadura militar.

O primeiro projeto comemorativo ao centenário foi “Diários Intermitentes de Celso Furtado”, lançado em 2019. Resgatados integralmente de seus arquivos pessoais, reúnem anotações deixadas  de 1937 a 2002. Ele não foi um praticante assíduo da arte dos diários, e podia se passar algum tempo sem que fixasse num caderno, numa agenda, numa folha avulsa, o presente mais intensamente vivido. Mas essas notas foram a oportunidade de registrar momentos marcantes e decisivos de sua vida, impressões de viagens a países distantes, a participação na Segunda Guerra Mundial, embates políticos no Nordeste, diálogos com intelectuais e políticos com quem conviveu no Brasil e no exterior, e, por vezes, frustrações e desabafos. É um precioso material até então inédito que completa as memórias que Celso Furtado deixou e que, sobretudo, mostra uma face desconhecida de um economista e professor, que também foi um protagonista privilegiado da história do Brasil, da América Latina e da Europa na segunda metade do século XX.

Celso Furtado morreu,  no Rio de Janeiro, em 20 de novembro de 2004. Rosa fez o registro do momento. “ Era um sábado, final da manhã. Celso queria ver o documentário “Sob a névoa da guerra”, em que Robert McNamara relembra seus tempos de ex-presidente do Banco Mundial e ex-Secretário de Estado dos EUA. Tínhamos perdido o filme em Paris, desde então premiado com o Oscar de melhor documentário. Eu ia à locadora pegar o DVD e, na volta, passaria pela feirinha da Arcoverde para comprar salmão e quem sabe uma pamonha. Antes, resolvi fazer um café. Quando entrava na cozinha percebi que Celso, em pé e levemente debruçado sobre a mesa de jantar, lendo as manchetes do jornal do dia, fez um movimento para trás. Recuei, o segurei pelo braço: Cuidado, você vai cair. Caiu. Parada cardíaca. Nada a fazer.”

Nos cem anos de Clarice Lispector, ela continua adorada e celebrada

Postado por SECEC-RJ em 25/nov/2020 -

Este é o ano do centenário de Clarice Lispector. A escritora nasceu na Ucrânia e veio com a família refugiada ainda bebê para o Brasil, que tomou como sua pátria, tornando-se uma das vozes mais conhecidas da cultura brasileira. Ela conquistou um público amplo e fiel de leitores e permanece celebrada pelos estudiosos de sua obra, como acontece agora, ao se comemorar seu aniversário em universidades e centros de cultura de diversos países, onde sua obra é destacada.

A adoração à grande e enigmática dama da literatura brasileira do século XX sempre foi intensa. “Clarice vive hoje um culto de sua imagem, mais do que de sua literatura”, destaca Yudith Rosenbaum, professora de literatura brasileira da Universidade de São Paulo e autora de dois livros sobre a escritora. “Por não conceder entrevistas, por ter se isolado e cercado sua vida de mistério e por preferir o silêncio às falas vazias, a escritora criou ao redor de si uma aura de inacessibilidade ao lado de uma legião de fãs idólatras”.

Através da atuação do escritor e historiador norte-americano Benjamin Moser, Clarice experimentou recentemente um novo renascimento. Moser é o autor de uma Clarice, Uma Biografia. Por acaso, ele descobriu seus livros enquanto estudava literatura de Língua Portuguesa, apaixonando-se por ela e por sua obra imediatamente.

Moser a compara a Franz Kafka e Baruch Espinoza. O livro biográfico sobre Clarice foi nomeado pelo National Books Critics Circle Award e traduzido para diversos idiomas.  Em 2015, foi responsável pela coletânea de contos da escritora em inglês — The Complete Stories —, lançada pela editora New Directions nos Estados Unidos. A edição recebeu boas críticas e esteve na lista dos 100 melhores livros do The New York Times do mesmo ano. Em 2016 Moser recebeu na Festa Literária Internacional de Paraty o Prêmio Itamaraty de Diplomacia Cultural, concedido pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil

Clarice começou a escrever ainda muito jovem e desde então apresentou uma produção literária complexa e delicada e muito dificil de se classificar. Com o primeiro livro “Perto do Coração Selvagem”, obra que escreveu aos 19 anos, e que lhe valeu o Prêmio Graça Aranha de melhor romance, obteve grande sucesso de crítica e avaliações positivas. O escritor Antônio Cândido, à época, saudou a estreia da escritora, exaltando sua performance como da melhor qualidade: “A escritora – ao que parece uma jovem estreante – colocou seriamente o estilo e a expressão”.

Dona de uma personalidade forte e exuberante, era uma mulher elegante, vestia roupas sob medida e usava grandes óculos escuros, que lhe conferiam um ar de estrela de cinema. Ela ultrapassou a condição inicial de refugiada para se tornar uma lendária personalidade do Rio de Janeiro de seu tempo. Mas, desde a infância, sempre teve a existência marcada por acontecimentos fortes.

De origem judaica russa, ela nasceu em 10 de dezembro na Ucrânia, com o nome de batismo de Chaya. Quando tinha apenas dois meses de idade, toda a família fugiu dos antissemitas, primeiro para a Moldávia e depois para a Romênia. Mais tarde, em 1922, com seus pais e as duas irmãs, desembarcou em Maceió. Seu nome foi então abrasileirado para Clarice.

Em 1924, a família mudou-se para Recife. Aos oito anos, Clarice perdeu a mãe. Três anos depois, a família transferiu-se para o Rio de Janeiro. Apesar de ter sido criada em um ambiente cheio de vulnerabilidades, Clarice teve uma educação muito diferente das meninas economicamente menos favorecidas. Conseguiu entrar num dos redutos da elite daquela época, a Faculdade de Direito da Universidade do Brasil, onde não havia judeus e apenas três mulheres universitárias. Formou-se em 1943.

 No mesmo ano, casou-se com o diplomata Maury Gurgel Valente, com quem viveu muitos anos fora do Brasil até que se separaram em 1959. Então, Clarice retornou ao Rio de Janeiro, onde retomou a atividade de jornalista. No final da década de 60, publicou no Jornal do Brasil artigos mais pessoais, que tornaram seu nome popular. O cão Ulisses, que aparecia nesses relatos, tornou-se uma lenda na cidade, como um dos poucos elos com a realidade brasileira, já que ela praticamente não falava de temas locais e nacionais.

Tida como uma pessoa ansiosa e com tendência à depressão, um fato intensificou essa parte de sua personalidade. A escritora dormiu com um cigarro aceso e seu quarto foi destruído. Sofreu queimadura em várias partes do corpo e ficou internada durante muitos meses. A mão direita foi afetada e quase perdeu a mobilidade. O acidente abalou seu estado de ânimo e as cicatrizes no corpo causaram continuas depressões.

Na década de 70 dedicou-se a publicar livros infantis e algumas traduções. Reconhecida pelo público e pela crítica, em 1976, recebeu o prémio da Fundação Cultural do Distrito Federal, pelo conjunto da obra. No ano seguinte, publicou seu último romance, “A Hora da Estrela”, adaptado para o cinema, em 1985. Na véspera de completar 57 anos, em 9 de dezembro de 1977, Clarice Lispector morreu, vítima de câncer.

Algumas de suas principais obras:

·       Perto do coração selvagem (1942)

·       O Lustre (1946)

·       A Cidade Sitiada (1949)

·       Laços de Família (1960)

·       A Maçã no Escuro (1961)

·       A Legião Estrangeira (1964)

·       A Paixão Segundo G. H (1964)

·       Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres (1969)

·       Felicidade Clandestina (1971)

·       Água Viva (1973)

·       A Imitação da Rosa (1973)

·       Via Crucis do Corpo (1974)

·       Onde Estivestes de Noite? (1974)

·       Visão do Esplendor (1975)

·       A Hora da Estrela (1977)

João Cabral de Mello Neto, um intelectual ligado às raízes brasileiras

Postado por SECEC-RJ em 17/nov/2020 -

Considerado como obra-prima de João Cabral de Mello Neto, o poema  “Morte e Vida Severina, Auto de Natal Pernambucano”, é também a criação mais popular em sua vasta obra. A história do retirante que deixou sua terra natal em busca de uma vida melhor recebeu aplausos e ampla divulgação, através de versões adaptadas para teatro e cinema, quadrinhos com versão audiovisual da obra em 3D, além do musical assinado por Chico Buarque e de ter inspirado uma produção para a televisão.

O escritor foi o primeiro brasileiro contemplado com o Prêmio Camões – instituído pelos governos do Brasil e de Portugal em 1988 aos autores que mais contribuem para enriquecimento do patrimônio literário da língua portuguesa.  João Cabral foi um colecionador de prêmios literários.

Diplomata de carreira e imortal da Academia Brasileira de Letras, João Cabral desenvolveu um estilo próprio, sem proximidade com as características perceptíveis na poesia de seus contemporâneos da Geração de 45. Era poeta por excelência, embora com obras também em prosa. Desenvolveu uma linguagem objetiva e rigorosa e uma escrita regionalista, marcada pelo rigor estético e a crítica ambiental.

Um dos mais importantes intelectuais de seu tempo, sua maior paixão foi a literatura, deixando uma produção extensa. O acervo do autor na Casa Rui Barbosa revelou cerca de 40 poemas inéditos e mais de 20 textos em prosa, além de entrevistas.

João Cabral de Mello Neto nasceu na cidade de Recife, em 9 de janeiro de l920. Parte da infância foi vivida nos engenhos da família nos municípios de São Lourenço da Mata e de Moreno. Aos dez anos voltou com sua família para Recife, onde teve educação aprimorada.

Em 1938 já frequentava o Café Lafayette, ponto de encontro dos intelectuais locais.  Foi também em Recife que ele conviveu com artistas de diversas áreas – sempre de orientação moderna -, tornando-se próximo de Vicente do Rego Monteiro e Willy Lewin. Mais tarde, morando no exterior, conviveu com Picasso, André Masson, Miró, Mondrian, Paul Klee e muitos outros. Voltou a residir no Brasil em 1987.

João Cabral foi um cosmopolita, mas nunca deixou de ser um homem ligado a suas origens. É como se toda a sua poesia e a maneira de ver o mundo tivessem uma única origem: a infância nos engenhos pernambucanos e a juventude no Recife e no Rio. Faleceu no Rio de Janeiro em 1999, aos 79 anos, deixando um grande legado para a cultura brasileira.

Principais obras:
• Pedra do Sono (1942);
• O Engenheiro (1945);
• Psicologia da composição (1947);
• O Cão sem Plumas (1950);
• O Rio (1954);
• Morte e Vida Severina (1955);
• Duas Águas (1956);
• Poesia e composição (1956) [prosa];
• Da função moderna da poesia (1957) [prosa];
• A Educação pela Pedra (1966);
• Auto do Frade (1984);
• Primeiros poemas (1990);
• A Educação pela Pedra e Depois (1997).

Dia Internacional da Música em ritmo de Bossa Nova!

Postado por SECEC-RJ em 30/set/2020 -

Para homenagear a música em um dia tão especial, escolhemos a homenageada do ano, a ‘Divina’ Elizeth Cardoso, que em 2020 celebra seu centenário e nesse belo registro aparece acompanhada de ninguém menos que Pixinguinha e Hermínio Bello de Carvalho. Não bastasse ter sido descoberta por Jacob do Bandolim, apoiada por Grande Otelo e gravado seu primeiro disco por intermédio de Ataulfo Alves, a fantástica cantora de timbre único também foi responsável pelo primeiro registro que se tornou um marco da Bossa Nova, “Canção do Amor Demais”, com composições de Vinícius de Moraes e Tom Jobim, além do refinado violão de João Gilberto.

Como parte das comemorações, o Museu da Imagem e do Som, equipamento cultural vinculado à Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, promoveu uma série de atividades durante o ano. Para a live “A Divina Elizeth Cardoso”, o MIS convidou o presidente do Cordão da Bola Preta (onde Elizeth é considerada madrinha eterna), Pedro Ernesto Marinho, e o neto da cantora, Paulo Valdez Jr. Do nosso setor sonoro, saiu uma playlist totalmente dedicada à cantora, que você pode acessar no link abaixo. E em seu canal do YouTube, o MIS disponibilizou um vídeo especial com o material presente em seu rico Acervo, onde também está a Coleção Elizeth Cardoso.

Você escolhe a homenagem – live, playlist ou vídeo- e é só clicar no link para comemorar o Dia Internacional da Música!

Links:

Live Playlist Elizeth, a eterna Divina – Vídeo YouTube

10 livros imperdíveis para começar 2020

Postado por SECEC-RJ em 07/jan/2020 -

Em homenagem ao Dia do Leitor, 7 de Janeiro, estamos indicando 10 livros imperdíveis para os apaixonados pela leitura! O hábito da leitura é essencial para exercitarmos as capacidades de comunicação, interpretação e de cognição.

Ninguém nasce sendo um leitor. O interesse pela literatura é algo que se desenvolve no ser humano através dos anos, a partir de influências positivas relacionadas ao ato de ler.

A literatura ainda é celebrada no Brasil em outras datas ao longo do ano, como o Dia da Literatura Brasileira, comemorada anualmente em 1 de maio; e o Dia Nacional do Livro, em 29 de outubro.

Vamos aos livros:

1. Como eu era antes de você

Resultado de imagem para Como eu era antes de você livro

Autor: Jojo Moyes
Sinopse: Aos 26 anos, Louisa Clark não tem muitas ambições. Ela mora com os pais, a irmã mãe solteira, o sobrinho pequeno e um avô que precisa de cuidados constantes desde que sofreu um derrame. Trabalha como garçonete num café, um emprego que não paga muito, mas ajuda nas despesas, e namora Patrick, um triatleta que não parece interessado nela. Não que ela se importe.
Disponível: Biblioteca Parque Estadual , Biblioteca Parque da Rocinha, Biblioteca Parque de Manguinhos

2. A guerra dos tronos

Resultado de imagem para A guerra dos tronos

Autor: George R. R. Martin
Sinopse: A Game of Thrones é o primeiro livro da série de fantasia épica As Crônicas de Gelo e Fogo, escrita pelo norte-americano George R. R. Martin e publicada pela editora Bantam Spectra.
Disponível: Biblioteca Parque Estadual, Bilioteca Parque de Niterói

3. Hibisco roxo

Resultado de imagem para hibisco roxo

Autor: Chimamanda Ngozi Adichie
Sinopse: Em um romance que mistura autobiografia e ficção, Chimamanda Ngozi Adichie – uma das mais aclamadas escritoras africanas da atualidade – traça, de forma sensível e surpreendente, um panorama social, político e religioso da Nigéria atual. Protagonista e narradora de Hibisco roxo, a adolescente Kambili mostra como a religiosidade extremamente “branca” e católica de seu pai, Eugene, famoso industrial nigeriano, inferniza e destrói lentamente a vida de toda a família.
Disponível: Biblioteca Parque Estadual

4. Problemas de gênero

Resultado de imagem para Problemas de gênero

Autor: Judith Butler
Sinopse: Feminismo e subversão da identidade. O livro que fundou a Teoria Queer com nova capa e atualização ortográfica Neste livro inspirador, que funda a Teoria Queer, Judith Butler apresenta uma crítica contundente a um dos principais fundamentos do movimento feminista: a identidade. Para Butler, não é possível que exista apenas uma identidade: ela deveria ser pensada no plural, e não no singular. Ou ainda, não é possível que haja a libertação da mulher, a menos que primeiro se subverta a identidade de mulher.
Disponível: Biblioteca Parque Estadual

5. O poder do hábito

Resultado de imagem para O poder do hábito

Autor: Charles Duhigg
Sinopse: O Poder do Hábito: por que fazemos o que fazemos na vida e nos negócios é um livro de Charles Duhigg, ex-repórter do New York Times, publicado em Fevereiro de 2012 pela Random House. Explora a ciência por trás da criação e reforma de hábitos.
Disponível: Biblioteca Parque da Rocinha, Blioteca Parque de Manguinhos e Biblioteca Parque de Niterói

6. Figuras e coisas do carnaval carioca

Imagem relacionada

Autor: Jota Efegê
Sinopse: São 144 crônicas publicadas originalmente no Jornal do Brasil, O Globo e nos extintos Correio da Manhã e O Jornal. Histórias de um cronista profundamente identificado ao Rio de Janeiro e sua festa maior, o carnaval. Numa passagem, Jota Efegê conta que o Cordão da Bola Preta, bloco carnavalesco tradicional do Rio, foi criado para enfrentar a polícia, que em 1918 avisou que fecharia todos os cordões do carnaval.
Disponível: Biblioteca Parque de Niterói

7. Mênon

Resultado de imagem para Mênon

Autor: Joannes Burnet
Sinopse: Mênon é um dos diálogos menores de Platão. Nele o autor coloca Sócrates dialogando com o estudante Mênon, o qual pretende que Sócrates lhe explique o que é a virtude, se pode ser ensinada. Em uma certa passagem do diálogo Mênon pede ao mestre que lhe explique o por que de sua opinião sobre o aprendizado. Pois Platão, através de Sócrates, propõe que nada aprendemos, mas apenas nos recordamos de conceitos que já sabíamos através de nossa alma. O Sócrates de Platão passa a demonstrar essa afirmação usando conceitos matemáticos.
Disponível: Biblioteca Parque de Niterói

8. Guerreiros não nascem prontos

Imagem relacionada

Autor: José Luiz Tejon
Sinopse: Este livro fala de lutas. Lutas que nos servem de exemplo, que nos ensinam estratégias. Lutas que mostram que não é fácil correr atrás daquilo que queremos. Mas nunca devemos nos ajoelhar perante o destino porque essa é, nas palavras de José Luiz Tejon, “a essência da alma forjada na têmpera forte dos grandes guerreiros”. Em Guerreiros não nascem prontos, Tejon leva ao leitor palavras inspiradoras, mostrando que o caminho para a realização não chega sem obstáculos. Tejon despertará o guerreiro em você, ajudando-o a fazer escolhas inteligentes, alinhadas com os valores da sua vida. Entre outros pontos da ética do guerreiro, aprenda aqui: – Construa sua identidade – Saiba o que você representa – Não deixe que os outros o definam – Aceite seus próprios desafios – Não tenha medo de ser o primeiro O livro vai que vai revolucionar sua carreira e sua vida.
Disponível: Biblioteca Parque de Niterói

9. Daisy Jones & The Six

Resultado de imagem para Daisy Jones & The Six

Autor: Taylor Jenkins Reid
Sinopse: Embalado pelo melhor do rock’n’roll, um romance inesquecível sobre uma banda dos anos 1970, sua apaixonante vocalista e o amor à música. Todo mundo conhece Daisy Jones & The Six. Nos anos setenta, dominavam as paradas de sucesso, faziam shows para plateias lotadas e conquistavam milhões de fãs. Eram a voz de uma geração, e Daisy, a inspiração de toda garota descolada. Mas no dia 12 de julho de 1979, no último show da turnê Aurora, eles se separaram. E ninguém nunca soube por quê. Até agora. Esta é história de uma menina de Los Angeles que sonhava em ser uma estrela do rock e de uma banda que também almejava seu lugar ao sol. E de tudo o que aconteceu — o sexo, as drogas, os conflitos e os dramas — quando um produtor apostou (certo!) que juntos poderiam se tornar lendas da música. Neste romance inesquecível narrado a partir de entrevistas, Taylor Jenkins Reid reconstitui a trajetória de uma banda fictícia com a intensidade presente nos melhores backstages do rock’n’roll.
Disponível: Biblioteca Parque de Niterói

10. Conspiração de nuvens

Resultado de imagem para Conspiração de nuvens

Autor: Lygia Fagundes Telles
Sinopse: Conspiração de Nuvens é um livro de Lygia Fagundes Telles publicado em 2007. Neste livro, a escritora reúne contos de ficção inéditos e reminiscências da infância, relatos de viagens, crônicas sobre a cidade de São Paulo e perfis de intelectuais brasileiros com quem conviveu.
Disponível: Biblioteca Parque de Niterói