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Arquivo de novembro 30America/Sao_Paulo 2020

No centenário de Celso Furtado, a memória do economista que o mundo aprendeu a respeitar

Postado por SECEC-RJ em 30/nov/2020 -

 O economista Celso Furtado foi intelectual de prestígio internacional e um dos mais importantes economistas brasileiros do século XX. Nascido em Pombal, no sertão paraibano, em 26 de julho de 1920, Furtado interpretou e agiu sobre o Brasil em sua vitoriosa carreira. Criou a Sudene, durante o governo JK, para atacar as mazelas que impediam o desenvolvimento do Nordeste. Depois, foi ministro extraordinário do Planejamento no governo João Goulart, cargo criado para que pudesse solucionar os desequilíbrios que contextualizaram a crise pré-golpe militar de 1964.

 Perseguido pela ditadura, o brasileiro manteve, no exílio, o prestígio internacional, passando a ser interlocutor do senador Bob Kennedy e de intelectuais como Erich Fromm e Martin Luther King. No dia seguinte à sua cassação política, no Ato Institucional nº 1, recebeu convites para trabalhar no Instituto Latino-Americano para Estudos de Desenvolvimento, no Chile, e também para lecionar em três prestigiadas universidades dos Estados Unidos: Harvard, Columbia e Yale, para onde acabou indo. Um ano depois, o presidente francês de direita, Charles de Gaulle, autorizou sua contratação para a maior universidade de seu país.

A passagem consagradora pela Sorbonne durou 20 anos. O período representou um doloroso hiato para o economista acostumado à dupla função de intelectual e estadista. “Ele ficava com a cabeça no Brasil”, lembra a jornalista e tradutora Rosa Freire d’Aguiar, viúva de Furtado. Era difícil estar exilado para quem, até pouco, formulava políticas prioritárias de governo. Celso tornou-se doutor em Economia pela Universidade de Paris (Sorbonne) em 1948, com a tese “L’économie coloniale brésilienne”.

O grande profissional também foi técnico de Administração do governo brasileiro (1944-45), economista da Fundação Getúlio Vargas (1948-49). Fez pós-graduação na Universidade de Cambridge, Inglaterra (1957), sendo Fellow do King’s College.

 De 1949 a 1958, integrou a Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) sediado em Santiago, no Chile, contribuindo de forma decisiva, ao lado do economista argentino Raúl Prebish, para a formulação do enfoque estruturalista da realidade socioeconômica da América Latina.    

Como imortal da Academia Brasileira de Letras, Furtado ocupou a cadeira número 11 e tomou posse em 31 de outubro de 1997. No discurso proferido na solenidade revelou: “Quando, finalmente, aos 26 anos de idade, comecei a estudar Economia de maneira sistemática, minha visão do mundo já estava definida. Assim, a Economia não chegaria a ser mais que um instrumental, que me permitia com maior eficácia tratar problemas que vinham da observação da História ou da vida dos homens em Sociedade. Pouca influência teve a Economia, portanto,  na conformação do meu espírito. Nunca pude compreender a existência de um problema “estritamente econômico”. Por exemplo, a inflação nunca foi, em meu espírito, outra coisa senão a manifestação de conflitos de certo tipo entre grupos sociais. Da mesma forma, uma empresa nunca foi outra coisa senão a materialização do desejo e poder de um ou vários agentes sociais, em uma de suas múltiplas formas”.

Autor de livros como “Formação econômica do Brasil” (1959) e “Criatividade e dependência na civilização industrial” (1978), entre muitos outros títulos, Furtado revolucionou a teoria ao propor que o subdesenvolvimento não era uma “etapa” do desenvolvimento capitalista, mas uma posição das economias periféricas frente às centrais e que não seria superado apenas pela livre atuação do mercado.

Furtado não se via como um “homem de letras”, mas um “homem de pensamento”. E assim é considerado pelos críticos e estudiosos de economia, visto que sua obra vai além de outras interpretações da realidade brasileira.

  Durante toda a década de 1970, dedicou-se intensamente às atividades docentes e publicação de livros. Foi beneficiado pela anistia decretada em agosto de 1979. Em agosto de 1981 filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Participou intensamente da campanha de Tancredo Neves às eleições indiretas para a presidência da República e da comissão destinada a elaborar o Plano de Ação do Governo de Tancredo.

 Com  José Sarney empossado presidente, foi nomeado embaixador do Brasil junto à Comunidade Econômica Europeia, sediada em Bruxelas, na Bélgica. De volta ao Brasil, em fevereiro de 1986, tomou posse como Ministro da Cultura, elaborou a primeira legislação de incentivos fiscais e fez a defesa da identidade cultural brasileira.  Em agosto de 1988 transmitiu o cargo.

 Foi casado com a argentina Lucia Tosi, com quem teve dois filhos. E depois teve uma duradoura união com a jornalista e tradutora Rosa Freire d’Aguiar, a curadora da obra de Furtado, uma guardiã do monumental legado cultural deixado por ele. 

“Para ele, o conhecimento só servia se fosse para prestar serviço à comunidade”, comenta o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Furtado olhava as formas como a economia se relacionava com a vida social, para pensar em que medida poderia beneficiar a vida das pessoas em sociedade. Sua vida sempre se confundiu com a história da sociedade brasileira”, diz

Em comemoração aos cem anos do nascimento do economista agora, Rosa Freire D’Aguiar prepara uma compilação em livro de cartas Furtado com cerca de 30 intelectuais e políticos brasileiros, além de 20 estrangeiros. Antonio Callado, por exemplo, troca ideias depois de ter escrito “Quarup” e Carlos Lacerda escreve ao economista fazendo um convite para que entre na Frente Ampla contra a ditadura militar.

O primeiro projeto comemorativo ao centenário foi “Diários Intermitentes de Celso Furtado”, lançado em 2019. Resgatados integralmente de seus arquivos pessoais, reúnem anotações deixadas  de 1937 a 2002. Ele não foi um praticante assíduo da arte dos diários, e podia se passar algum tempo sem que fixasse num caderno, numa agenda, numa folha avulsa, o presente mais intensamente vivido. Mas essas notas foram a oportunidade de registrar momentos marcantes e decisivos de sua vida, impressões de viagens a países distantes, a participação na Segunda Guerra Mundial, embates políticos no Nordeste, diálogos com intelectuais e políticos com quem conviveu no Brasil e no exterior, e, por vezes, frustrações e desabafos. É um precioso material até então inédito que completa as memórias que Celso Furtado deixou e que, sobretudo, mostra uma face desconhecida de um economista e professor, que também foi um protagonista privilegiado da história do Brasil, da América Latina e da Europa na segunda metade do século XX.

Celso Furtado morreu,  no Rio de Janeiro, em 20 de novembro de 2004. Rosa fez o registro do momento. “ Era um sábado, final da manhã. Celso queria ver o documentário “Sob a névoa da guerra”, em que Robert McNamara relembra seus tempos de ex-presidente do Banco Mundial e ex-Secretário de Estado dos EUA. Tínhamos perdido o filme em Paris, desde então premiado com o Oscar de melhor documentário. Eu ia à locadora pegar o DVD e, na volta, passaria pela feirinha da Arcoverde para comprar salmão e quem sabe uma pamonha. Antes, resolvi fazer um café. Quando entrava na cozinha percebi que Celso, em pé e levemente debruçado sobre a mesa de jantar, lendo as manchetes do jornal do dia, fez um movimento para trás. Recuei, o segurei pelo braço: Cuidado, você vai cair. Caiu. Parada cardíaca. Nada a fazer.”

Secretaria de Cultura apoia o Festival Segunda Black via Lei de Incentivo à Cultura

Postado por SECEC-RJ em 29/nov/2020 -

Diferente das edições anteriores em que o aquilombamento se fez latente nas apresentações, o Festival Segunda Black, para não deixar de promover os pensamentos e narrativas pretas em um ano atípico como 2020, atendeu às configurações das medidas de segurança em virtude do novo coronavírus e levou a ocupação para o formato virtual. A programação, que contempla 26 performances, masterclass com a professora Leda Maria Martins e roda de conversa com Hilton Cobra, ocorrerá de segunda-feira (30) a 8 de dezembro, sempre às 19h30 e poderá ser assistida, gratuitamente, na página do Facebook @asegundablack.

A  4ª Edição do Festival Segunda Black, que homenageará os 150 anos do nascimento de Benjamim de Oliveira e o 30° aniversário do Bando de Teatro Olodum, tem apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Oi. Mais informações no site

A organização selecionou produções artísticas negras de todo país, o que consiste na realização de mostra não competitiva de performances ou experimentos teatrais nas modalidades de artes cênicas adulto, tendo como objetivos fomentar as artes cênicas, promover o intercâmbio, as atividades de formação e debates entre artistas e profissionais da área, destacar e divulgar novos talentos e dar continuidade ao movimento criado pelo TEN – Teatro Experimental do Negro: Inspirar e fortalecer a criação de novas narrativas a nível nacional e internacional.

Programação com masterclass e roda de conversa 

Além das performances, o Festival terá, em sua abertura, uma masterclass com a professora Leda Maria Martins, às 15h abordando o tema da Memória, um dos eixos curatoriais desta edição. E, no dia 7 de dezembro, no mesmo horário, haverá uma roda de conversa com perspectivas para o fomento e difusão para as artes negras da cena com Hilton Cobra (ex-presidente da Fundação Palmares), Aline Vila Real (diretora de Artes da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte), Galiana Brasil (gerente do Núcleo de Artes Cênicas do Itaú Cultural) e Marcos Rego (gerente de Cultura do Sesc Departamento Nacional).

Desde sua concepção, o projeto preza pela formação dos artistas e de plateia. Nesta edição, tendo a internet como plataforma, há a oportunidade de expandir os horizontes pelas fronteiras fluidas do mundo virtual, permitindo que o público de diferentes partes do Brasil – e também da lusofonia -, possa ter acesso a essas criações artísticas que nas edições anteriores ficaram limitadas à presença física no mesmo espaço-tempo. O Segunda Black encoraja e instiga a inovação como forma de construir um amanhã, portanto, é imprescindível que esta construção seja lúcida da realidade de seu tempo histórico. E a História está no convocando a ressignificar, repensar e produzir novas maneiras de refletir o mundo.

Incentivo à cultura 

A realização do projeto em formato online, irá gerar postos de trabalho, mesmo que temporários, em um cenário de desemprego e instabilidade econômica. Fomentar o festival em formato digital é proporcionar aos artistas participantes possibilidades de experimentações artísticas alinhadas a linguagem do audiovisual e da transmissão online. Construindo assim narrativas cênicas e performáticas de corpos negros em diálogo com aparatos tecnológicos.

Serviço

4ª EDIÇÃO DO FESTIVAL SEGUNDA BLACK

De 30 de novembro a 8 de dezembro – às 19h30

Plataforma: Facebook @asegundablack

Ingresso: Gratuito

Classificação Indicativa: 16 anos Mais informações no site

Cultura do Estado investe R$ 100 milhões em editais da Aldir Blanc

Postado por SECEC-RJ em 27/nov/2020 -

A Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio (Sececrj) publicou, no Diário Oficial desta sexta-feira (27), o remanejamento dos recursos da Lei Federal Aldir Blanc. A reprogramação financeira da Renda Emergencial para os editais garante o investimento de R$ 99.5 milhões em projetos culturais. Com a nova soma, a pasta aumentou em 40% o total de vagas disponíveis nos seis editais lançados. 

Com a reprogramação, as vagas nos editais da Aldir Blanc no Estado passam para 2.792, com acréscimo de 1.123 novos projetos. Atualmente, a secretaria analisa recursos dos projetos apresentados na plataforma Desenvolve Cultura e o resultado final está programado para a primeira quinzena de dezembro. Na Renda Emergencial, o investimento é superior a R$ 5 milhões. 

– Seguimos trabalhando para apoiar a cultura fluminense em todo o estado. Esse remanejamento permite o aumento de vagas dos contemplados pelos seis editais, que agora terá um investimento de quase R$ 100 milhões. Isso mostra que o Governo do Estado está dialogando com todos os setores, recebendo as pessoas, construindo uma política pública coletiva e trabalhando todos os dias para que a cultura seja presente em todo o Rio – disse a secretária de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio, Danielle Barros. 

Diálogo com o setor

Desde o início dos debates para a mobilização em torno da Lei Aldir Blanc a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa dialoga com todo setor cultural e definiu seis editais dentro da Lei Aldir Blanc: Retomada Cultural RJ, Fomenta Festival RJ, Cultura Presente RJ, Passaporte Cultural, Juntos pelo Circo RJ e Cultura Viva RJ. Na última quinta-feira, foi iniciado a revisão de todos os recursos apresentados que foram inabilitados. A medida foi tomada após reuniões com o setor cultural de forma democrática.

No total, a Sececrj recebeu 4.082 inscrições pelo Desenvolve Cultura, sistema criado em 2020 para concentrar as informações referentes a editais e apresentações de projetos via Lei Estadual de Incentivo à Cultura.

– Do total de projetos apresentados na plataforma nós tivemos mais de 70% de projetos habilitados, mas entendemos os pleitos da categoria e estamos fazendo uma nova reanálise dos recursos, para garantir que tenhamos ainda mais projetos contemplados. A cultura do estado sairá fortalecida em todas as regiões, uma vez que temos editais regionalizados, como entendemos que deve ser a democratização do acesso aos recursos do setor –  completa Danielle Barros. 

Lei Aldir Blanc no Rio

A renda emergencial e os editais são as linhas da Lei Aldir Blanc que cabem aos Estados. No total, o Rio de Janeiro recebeu mais de R$ 104 milhões. De forma transparente, seguindo o que determina a lei federal, todas as ações foram publicadas em Diário Oficial.

Acordo para possíveis produções une a Sececrj, Consulado Italiano e Instituto Italiano de Cultura

Postado por SECEC-RJ em 27/nov/2020 -

Brasil e Itália ligados pela cultura em pleno Rio de Janeiro. Com esse objetivo, a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio (Sececrj) assinou um protocolo de intenções para futuras colaborações de projetos com o Consulado Geral da Itália no Rio e o Instituto Italiano de Cultura do Rio, nesta quinta-feira (26), para a valorização da cultura dos países. O compromisso foi firmado durante a V Settimana della Cucina Italiana nel Mondo, celebração da culinária italiana que acontece até domingo (29), desta vez sendo realizada em formato digital por causa da pandemia da Covid-19.

A cooperação técnica tem como finalidade promover a integração institucional e a promoção de atividades culturais com conteúdo ligado à Itália, em projetos, ações e programas de mútuo interesse. Isso na realização de um programa de fomento para a produção de curtas-metragens sobre temáticas ligadas a aspectos da cultura italiana, através de um chamamento público e também de outras ações de fomento nos âmbitos da arte, da cultura e da economia criativa.

– A parceria entre a Secretaria de Cultura, o Instituto de Cultura da Itália e o Consulado Italiano com a formalização através do audiovisual, mostrando a arquitetura no país reforça a irmandade entre as duas nações. Podemos celebrar essa parceria inicialmente com as vencedoras do nosso edital Cultura Presente nas Redes, as chefs Paula e Márcia, em integração com verdadeiro chefs italianos e vamos firmar ainda mais parcerias – conta a secretária de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio, Danielle Barros.

Mesmo antes da assinatura do termo, a integração entre os órgãos já tinha começado. Dentro da programação da V Settimana della Cucina Italiana nel Mondo, em parceria com a Sececrj, foram realizadas duas lives, uma com a chef brasileira Paula Salles e o chef italiano Renato Ialenti, que ensinaram uma receita inédita, direto da cozinha do Instituto Italiano de Cultura e outra com a chef Márcia Fernandes e o chef italiano Luciano Boseggia. Uma publicação no Diário Oficial do Estado vai oficializar o protocolo nos próximos dias.

– Para o Consulado-Geral da Itália no Rio a aproximação com o Governo do Estado através da cultura é um grande avanço. Temos uma série de projetos entre a Itália e o Rio que podemos tocar em parceria e iniciar este diálogo com documentários é o melhor caminho – disse o Cônsul-Geral da Itália no Rio, Paolo Miraglia Del Giudice.

Nos cem anos de Clarice Lispector, ela continua adorada e celebrada

Postado por SECEC-RJ em 25/nov/2020 -

Este é o ano do centenário de Clarice Lispector. A escritora nasceu na Ucrânia e veio com a família refugiada ainda bebê para o Brasil, que tomou como sua pátria, tornando-se uma das vozes mais conhecidas da cultura brasileira. Ela conquistou um público amplo e fiel de leitores e permanece celebrada pelos estudiosos de sua obra, como acontece agora, ao se comemorar seu aniversário em universidades e centros de cultura de diversos países, onde sua obra é destacada.

A adoração à grande e enigmática dama da literatura brasileira do século XX sempre foi intensa. “Clarice vive hoje um culto de sua imagem, mais do que de sua literatura”, destaca Yudith Rosenbaum, professora de literatura brasileira da Universidade de São Paulo e autora de dois livros sobre a escritora. “Por não conceder entrevistas, por ter se isolado e cercado sua vida de mistério e por preferir o silêncio às falas vazias, a escritora criou ao redor de si uma aura de inacessibilidade ao lado de uma legião de fãs idólatras”.

Através da atuação do escritor e historiador norte-americano Benjamin Moser, Clarice experimentou recentemente um novo renascimento. Moser é o autor de uma Clarice, Uma Biografia. Por acaso, ele descobriu seus livros enquanto estudava literatura de Língua Portuguesa, apaixonando-se por ela e por sua obra imediatamente.

Moser a compara a Franz Kafka e Baruch Espinoza. O livro biográfico sobre Clarice foi nomeado pelo National Books Critics Circle Award e traduzido para diversos idiomas.  Em 2015, foi responsável pela coletânea de contos da escritora em inglês — The Complete Stories —, lançada pela editora New Directions nos Estados Unidos. A edição recebeu boas críticas e esteve na lista dos 100 melhores livros do The New York Times do mesmo ano. Em 2016 Moser recebeu na Festa Literária Internacional de Paraty o Prêmio Itamaraty de Diplomacia Cultural, concedido pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil

Clarice começou a escrever ainda muito jovem e desde então apresentou uma produção literária complexa e delicada e muito dificil de se classificar. Com o primeiro livro “Perto do Coração Selvagem”, obra que escreveu aos 19 anos, e que lhe valeu o Prêmio Graça Aranha de melhor romance, obteve grande sucesso de crítica e avaliações positivas. O escritor Antônio Cândido, à época, saudou a estreia da escritora, exaltando sua performance como da melhor qualidade: “A escritora – ao que parece uma jovem estreante – colocou seriamente o estilo e a expressão”.

Dona de uma personalidade forte e exuberante, era uma mulher elegante, vestia roupas sob medida e usava grandes óculos escuros, que lhe conferiam um ar de estrela de cinema. Ela ultrapassou a condição inicial de refugiada para se tornar uma lendária personalidade do Rio de Janeiro de seu tempo. Mas, desde a infância, sempre teve a existência marcada por acontecimentos fortes.

De origem judaica russa, ela nasceu em 10 de dezembro na Ucrânia, com o nome de batismo de Chaya. Quando tinha apenas dois meses de idade, toda a família fugiu dos antissemitas, primeiro para a Moldávia e depois para a Romênia. Mais tarde, em 1922, com seus pais e as duas irmãs, desembarcou em Maceió. Seu nome foi então abrasileirado para Clarice.

Em 1924, a família mudou-se para Recife. Aos oito anos, Clarice perdeu a mãe. Três anos depois, a família transferiu-se para o Rio de Janeiro. Apesar de ter sido criada em um ambiente cheio de vulnerabilidades, Clarice teve uma educação muito diferente das meninas economicamente menos favorecidas. Conseguiu entrar num dos redutos da elite daquela época, a Faculdade de Direito da Universidade do Brasil, onde não havia judeus e apenas três mulheres universitárias. Formou-se em 1943.

 No mesmo ano, casou-se com o diplomata Maury Gurgel Valente, com quem viveu muitos anos fora do Brasil até que se separaram em 1959. Então, Clarice retornou ao Rio de Janeiro, onde retomou a atividade de jornalista. No final da década de 60, publicou no Jornal do Brasil artigos mais pessoais, que tornaram seu nome popular. O cão Ulisses, que aparecia nesses relatos, tornou-se uma lenda na cidade, como um dos poucos elos com a realidade brasileira, já que ela praticamente não falava de temas locais e nacionais.

Tida como uma pessoa ansiosa e com tendência à depressão, um fato intensificou essa parte de sua personalidade. A escritora dormiu com um cigarro aceso e seu quarto foi destruído. Sofreu queimadura em várias partes do corpo e ficou internada durante muitos meses. A mão direita foi afetada e quase perdeu a mobilidade. O acidente abalou seu estado de ânimo e as cicatrizes no corpo causaram continuas depressões.

Na década de 70 dedicou-se a publicar livros infantis e algumas traduções. Reconhecida pelo público e pela crítica, em 1976, recebeu o prémio da Fundação Cultural do Distrito Federal, pelo conjunto da obra. No ano seguinte, publicou seu último romance, “A Hora da Estrela”, adaptado para o cinema, em 1985. Na véspera de completar 57 anos, em 9 de dezembro de 1977, Clarice Lispector morreu, vítima de câncer.

Algumas de suas principais obras:

·       Perto do coração selvagem (1942)

·       O Lustre (1946)

·       A Cidade Sitiada (1949)

·       Laços de Família (1960)

·       A Maçã no Escuro (1961)

·       A Legião Estrangeira (1964)

·       A Paixão Segundo G. H (1964)

·       Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres (1969)

·       Felicidade Clandestina (1971)

·       Água Viva (1973)

·       A Imitação da Rosa (1973)

·       Via Crucis do Corpo (1974)

·       Onde Estivestes de Noite? (1974)

·       Visão do Esplendor (1975)

·       A Hora da Estrela (1977)

Museu da Imagem e do Som recebe premiação para preservação do acervo 

Postado por SECEC-RJ em 25/nov/2020 -

O MIS, que é ligado à Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio, foi inaugurado em 1965 e é considerado o primeiro museu audiovisual do Brasil.   

O Museu da Imagem e do Som do Rio (MIS), fundado em 1965, escreve mais um capítulo em sua história justamente num momento de retomada do setor cultural no Rio e no Brasil. A Fundação do Museu da Imagem e do Som, vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio (Sececrj), foi contemplada pelo edital promovido pelos fundos internacionais Prince Claus Fund and Gerda Henkel Foundation, que contava com participantes de todo o mundo.

O MIS vai receber cerca de € 18 mil euros (R$ 120 mil) para a aquisição de equipamentos para melhoria na preservação do seu acervo. O projeto prevê o monitoramento das condições ambientais dos itens da instituição através de sensores ligados 24h por dia, podendo elaborar procedimentos e ações para mitigar os riscos provocados pela ação das intempéries do meio-ambiente.  

  • A preservação e conservação do acervo do Museu da Imagem e do Som, através de seu gerenciamento de risco, representa o aumento da seguridade e manutenção deste acervo representativo de parte significativa da memória carioca e nacional. Tal projeto garante a segurança, o controle e a preservação dos itens do acervo MIS, principalmente no que se refere a furtos e sinistros, variação de temperaturas e umidade – disse Clara Paulino, presidente da Fundação Museu da Imagem e do Som.
     
    O Fundo Prince Claus é de origem holandesa e desde 1996 vem apoiando a cultura e o desenvolvimento de instituições. Já a Gerda Henkel Stiftung é uma fundação baseada em Düsseldorf, na Alemanha, responsável por promover a preservação do patrimônio cultural, especificamente em regiões em crise. Juntos, os dois órgãos internacionais vão repassar a premiação ao MIS, de caráter emergencial, que será utilizado integralmente no projeto.

A cerimônia online ocorre no próximo dia 2 de dezembro. Mais informações neste link. 

Números do acervo do MIS
O Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro foi inaugurado em 1965 e é considerado o primeiro museu audiovisual do Brasil. Atualmente, está dividido em dois prédios: Praça XV e Lapa. O MIS conta com um acervo de cerca de 1.500 depoimentos com, aproximadamente, quatro mil horas de gravação abrangendo os mais diversos segmentos da cultura.

São mais de 30 coleções que reúnem 330 mil itens nos mais variados suportes. São 93 mil fotografias, incluindo 1700 negativos em vidro e 26 mil estereoscópicas, de grande valor histórico, algumas raras; uma discoteca de quase 60 mil discos entre, LPs, compactos e 78 RPM, das diversas coleções, incluindo cerca de 18 mil discos da Rádio Nacional, reunindo músicas, novelas e scripts de programas que marcaram época. A maioria das coleções chegou ao MIS por meio de doação, e algumas foram adquiridas no momento de sua fundação.

Além do acervo documental, o MIS possui uma reserva técnica, onde estão guardados os objetos tridimensionais das diferentes coleções, e uma Biblioteca com cerca de 9 mil títulos entre livros, catálogos, revistas e teses.  Na reserva técnica encontramos preciosidades como o saxofone de Abel Ferreira, o piano de Ernesto Nazaré, indumentárias de Elizeth Cardoso, o bandolim do Jacob, entre outros.

Secretaria de Cultura chega a 56 projetos aprovados via Lei de Incentivo em 2020

Postado por SECEC-RJ em 24/nov/2020 -

Com o objetivo de agilizar o processo de autorização de patrocínio via Lei Estadual de Incentivo à Cultura, a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio (Sececrj) publicou, no Diário Oficial desta terça-feira (24), mais três projetos incentivados inscritos em 2020 no sistema Desenvolve Cultura: Aniversário Rádio Cidade, Festival Novas Frequências 9ª Edição e Rio 2C. Juntas as iniciativas somam R$ 4,6 milhões de investimento. 

Com os três projetos a Sececrj chegou a 56 patrocinados via Lei de Incentivo à Cultura, em 2020, com investimento total de R$ 42 milhões. Deste total, seis projetos já são inscritos e autorizados na plataforma Desenvolve Cultura, lançada em agosto.

– A mobilização para agilizar as autorizações tem sido muito importante para manter o setor aquecido, mesmo com a pandemia da Covid-19.  É um importante ganho para o produtor cultural foi a plataforma Desenvolve Cultura, que agilizou a tramitação de projetos e a aprovação de patrocínios dos projetos inscritos em 2020, mostrando que o trabalho tem apresentado bons resultados – disse Danielle Barros, secretária de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio.

Sistema Desenvolve Cultura

Desde agosto de 2020, o processo de apresentação para os benefícios da Lei Estadual de Incentivo à Cultura ganhou um novo formato. Não há mais edital, o processo está aberto de março a novembro. Outra novidade é o Sistema Desenvolve Cultura, que recebe as inscrições e abriga diversas informações para facilitar a busca por patrocínios via renúncia de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Todas as informações podem ser conferidas aqui.  

Resumo dos projetos

Aniversário da Rádio Cidade

O projeto tem como principal objetivo difundir e fomentar a cultura, através da realização de shows gratuitos com artistas da música popular brasileira do segmento Rock, em comemoração ao 20º Aniversário da Rádio Cidade – A Rádio do Rock, no dia 02 de maio de 2021, a partir das 16 h, no Parque Madureira.

Festival Novas Frequências

Em sua 10ª edição o festival de música experimental e arte sonora da América do Sul terá programação que se destina a todos os públicos e reúne 23 artistas nacionais e internacionais com apresentações inéditas, feitas exclusivamente para o festival.

Rio 2C

É o maior festival de criatividade e inovação da América Latina. O Rio2C acontecerá no Rio de Janeiro, entre os dias 14 a 18 de abril de 2021, na Cidade das Artes e se dividirá em 2 momentos: Conferência – voltado para empreendedores e profissionais da indústria criativa, com palestras, discussões, pitchings e rodadas de negócio (14 a 16 de abril); Festival – com exibições, shows, instalações artísticas, evento literário, palestras, workshops, oficinas, exibições e experimentações dedicada ao público em geral, jovens universitários e estudantes – futuros profissionais da indústria criativa (17 e 18 de abril).

Inepac realiza vistoria após incêndio na Fazenda São Joaquim da Grama, em Rio Claro

Postado por SECEC-RJ em 23/nov/2020 -

O Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) realizou, nesta segunda-feira (23), uma vistoria na Fazenda São Joaquim da Grama, em Rio Claro, que foi atingida por um incêndio na noite do último sábado (21). A equipe esteve no local para verificar a estrutura do casarão construído no Século XIX, que ainda tem focos do incêndio. O Corpo de Bombeiros segue trabalhando no local.

Residência da família do comendador Joaquim José de Souza Breves, o “Rei do Café”, o imóvel faz parte do inventário do Inepac. Porém, apenas a igreja da Fazenda São Joaquim da Grama tem o seu tombamento definitivo (processo número E-03/1.800/89). De acordo com Claudio Prado de Mello, diretor-geral do Inepac, órgão vinculado à Sececrj, os proprietários procuraram o Inepac para uma conversa sobre a restauração do casarão, mas que a conversa ainda não tinha evoluído.

– Por ser um patrimônio histórico do nosso estado, os donos do imóvel queriam fazer o processo dentro da legalidade e também solicitaram apoio para a reforma. Mas, infelizmente, fomos surpreendidos por esse acontecimento no final de semana. A situação não é nada boa, ainda com focos do incêndio. Além da vistoria, também buscamos informações com a Polícia Civil, responsável pela investigação, para saber os motivos do incêndio – conta Claudio Prado de Mello.

O Inepac vem fortalecendo as ações para a preservação do patrimônio histórico em todo o estado, principalmente no interior. Várias cidades já receberam visitas técnicas neste ano.

Para auxiliar nesse reforço, o órgão criou o Brigada do Patrimônio, um sistema voluntário e colaborativo que tem recebido diversas denúncias através do número (21) 98913-1561, que também possui o serviço de WhatsApp e funciona 24 horas por dia.

MIS celebra Dia da Consciência Negra com playlists e live

Postado por SECEC-RJ em 20/nov/2020 -

As tradições afro-brasileiras estão na base da cultura nacional e são um dos pilares da identidade do Museu da Imagem e do Som (MIS), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio (Sececrj). Seja nos tantãs do samba ou nos grooves da Black Music, a luta por igualdade e contra o racismo também se constrói na arte. 

Saudamos nesta sexta-feira (20) – Dia da Consciência Negra – a importância e o legado de gigantes que marcam o DNA do MIS, desde de João da Baiana, nosso primeiro convidado da Série Depoimentos para a Posteridade ainda em 1966, passando por João Candido – o Almirante Negro saudado por Aldir Blanc e João Bosco – e chegando aos dias atuais celebrando a vida de ícones como Áurea Martins, que somou 80 primaveras de história, tradição e muita música tornando-se a ‘Grande Dama ‘das lives durante a pandemia.

Agora, no próximo dia 26, acompanhada dos cantores e compositores Alcides Sodré e Vidal Assis, Áurea estará na live “A Mulher Negra no Rádio”, nas redes do Museu da Imagem e do Som, para celebrar a importância da cultura preta, além de falar um pouco do seu trabalho, que constrói uma ponte entre artistas contemporâneos, como Teresa Cristina e Moyseis Marques, com baluartes da música, como Dona Ivone Lara e Elizeth Cardoso.

Para ficar no clima e festejar a luta em forma de música, disponibilizamos duas playlists feitas pelo Setor Sonoro do MIS na plataforma Deezer: Samba e Black Music!

Link Black Music

Link Samba

Serviço Live: “A Mulher Negra no Rádio”
Data: 26/11 – Quinta-feira
Horário: 18h30
Local: facebook.com/MIS.RJ e YouTube

Participantes:

Áurea Martins – Cantora

Alcides Sodré – Cantor, compositor e ator

Vidal Assis – Cantor e compositor

Programação natalina com patrocínio via Lei de Incentivo à Cultura

Postado por SECEC-RJ em 17/nov/2020 -

Vai ter programação natalina em 2020. A Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (Sececrj) publicou, nesta terça-feira (17/11), em Diário Oficial, a liberação de patrocínio, via Lei Estadual de Incentivo à Cultura, para três projetos.  O objetivo da ‘Liga do Natal’, do ‘Natal Mágico’ e do ‘Festival Halleluya’ é manter a magia natalina, mesmo em meio a uma pandemia. As apresentações seguirão todas as recomendações das autoridades sanitárias.  

Com as três aprovações, a secretaria chegou a 53 projetos patrocinados via Lei de Incentivo à Cultura, em 2020. Desta forma, cumpre-se o objetivo de manter ativos os profissionais de cultura durante a pandemia da Covid-19, com um investimento total aproximado de R$ 37,5 milhões. Além disso, conforme a Lei 7.035/2015, um quinto do total das aprovações é destinado ao Fundo Estadual de Cultura.

– Estamos garantindo a magia do Natal em todo o estado com projetos incentivados. São apresentações para toda a família e que mantêm viva a tradição natalina, uma das datas mais importantes para a cultura no estado. Com esses projetos seguimos democratizando a cultura e mantendo o trabalho dos profissionais do setor – disse a secretária de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, Danielle Barros.

Resumo dos projetos

LIGA DO NATAL

O projeto é uma continuação do ‘Vila Encantada de Natal’, que vem sendo realizado desde 2017 no interior do Rio. Devido à pandemia, o evento itinerante e presencial virá em novo formato. Por intermédio de TV e transmídia, será possível alcançar o maior número de lares fluminenses com um conteúdo artístico e cultural de alta qualidade, que trará o alento e o encanto desta época tão importante. O projeto, no entanto, mantém seus pilares de sustentabilidade, educação ambiental e acessibilidade. A expectativa é atingir cerca de 8 milhões de pessoas.

FESTIVAL HALLELUYA

O evento será realizado no dia 12 de dezembro, no Cristo Redentor, no formato de live e transmitido pelo Youtube. Contará com cinco pontos de retransmissão na cidade do Rio de Janeiro, tendo como foco a juventude. A ideia é promover ações de dignidade da pessoa humana.

NATAL MÁGICO

Trata-se de uma exposição cultural, em Cabo Frio, com a temática de Natal. O objetivo é promover o acesso à cultura por meio de exposição e apresentações artísticas, além de estimular a cadeia produtiva criativa, atraindo investimentos para a cidade. A exposição destacará a cultura natalina brasileira, com seus costumes e crenças.