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O Negro e o Carnaval


O Carnaval no Brasil é um dos exemplos da nossa antropofagia, aquele fenômeno bem brasileiro: o que chega de fora, devoramos; depois, expelimos criando uma estética totalmente diferente daquela que aqui chegou. Assim foi feito com o nosso carnaval.

Muitos estrangeiros, maravilhados com a nossa festa, perguntam como uma manifestação religiosa cristã se transformou no maior espetáculo da Terra. O carnaval nasceu de uma iniciativa da Igreja Católica Romana que pretendia introduzir uma forma de extravasar os excessos da carne, como preparação para o período de abstinência da quaresma cristã. Desde o seu início, a igreja pensou que podia domesticar o povo impondo uma série de restrições.

O carnaval português, o Entrudo, foi introduzido no Brasil na época da colonização. Era uma forma que evoluiu para manifestações de rua, muitas vezes violentas, chegando até a sua proibição durante um período. Na metade do século XIX são criados os primeiros cordões carnavalescos, o mais famoso o do Zé Pereira, um português da Rua São José. Já no final do século XIX, foi “inventado” o maxixe, uma música dançante e extremamente sensual, já influenciada pelo lundu, estilo musical criado pelos escravos. Também nesta época, aparecem os primeiros chorões, grupos de música que se apresentavam em casas, bares e praças públicas, sendo Pixinguinha o mais conhecido deles.

O advento da indústria fonográfica potencializou o interesse do brasileiro com a música. A gravação em disco da voz humana tirou a música do ambiente restrito em que se encontrava para uma difusão em escala gigantesca para a época. Então, o que se ouvia no lar, nos teatros, nas solenidades do governo, mas também nas rodas de capoeira ou nos terreiros das religiões afro-brasileiras, pôde ser ouvido por milhares de pessoas.

A Praça XI, berço das manifestações culturais dos negros, que ali se reuniam para festejar ou para organizar a resistência de sua cultura diante de uma sociedade racista e exclusiva, extrapolou para o mundo da música com a criação de um novo gênero musical: o samba, uma mistura de várias expressões musicais, advindas dos negros escravos. A gravação do primeiro samba “Pelo Telefone”, em 1916, sucesso no carnaval daquele ano, popularizou o termo samba, inspirando outros autores a comporem músicas nesse novo gênero musical.

Festividade de Carnaval na Praça XI, Centro do Rio de Janeiro, no início do século XX / Foto: Divulgação/Prefeitura do Rio de Janeiro

Pelo Telefone, de autoria registrada de Donga e Mauro de Almeida, mas verdadeiramente produto de uma criação coletiva nascida na casa da Tia Ciata, baiana, moradora da Praça XI, onde em sua casa se reuniam apreciadores de música, para beber e comer nos seus tempos de folga, possibilitou que o que se produzia às escondidas por pressão das autoridades policiais, pudesse vir à tona e se tornar o gênero predominante no cenário musical do Brasil como um todo.

Durante a década de 20 do século XX, a música produzida por negros, filhos e netos de escravos, ganhou uma expressão nacional, com o samba, o frevo, o maracatu e outros ritmos criados nas antigas senzalas, ou nos terreiros do candomblé, mostrando a vitalidade da cultura afro-brasileira, que apesar de perseguida e discriminada, se impôs numa sociedade extremamente racista.

No final da década de 20, algo acontecia, nos bares, nas casas de trabalhadores e malandros do bairro do Estácio: se organizava a primeira escola de samba, a “Deixa Falar, sucessora do bloco de sujo “A União Faz a Força”. Trazia coisas novas, produto da inventividade do povo brasileiro: uma bateria composta de instrumentos de percussão criados pelos próprios integrantes da escola, um samba mais sacudido, cantores que o puxavam, e improvisando versos, naquilo que viria a ser chamado de partido alto. Como antropófagos culturais, traziam dos blocos, dos ranchos, das sociedades carnavalescas, os carros alegóricos, a porta-estandarte, o mestre-sala, as baianas, e uma melhor organização do desfile.

Na década de 30, as escolas de samba proliferaram, foi criado o desfile com premiação, o próprio governo as acolhia, se impunham diante da nossa sociedade. A resistência ao opressor, nascida nas senzalas, nos quilombos, nos terreiros e fundos de quintal, era parcialmente vitoriosa, mas ainda era necessário muito o que fazer. Nas décadas vindouras, o negro mostrou a sua versatilidade, a sua criatividade, a sua resiliência, atualizando os desfiles, colocando-os no cenário mundial.

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Estava criado o maior espetáculo da Terra.

Artigo por Carlos Janan, Assessor da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro / Foto: Leonardo Ferraz