Fim de semana chegando e ainda não sabe o que fazer no Rio de Janeiro? Que tal um passeio para conhecer nove dos principais espaços culturais da cidade?
Eles oferecem uma programação rica e variada de música, teatro, artes plásticas, e atividades para a meninada, também.
E não só isso: muitos deles tesouros arquitetônicos, cada lugar guarda um tanto de história que vale descobrir.
Um dia só não será suficiente, claro, mas você pode adequar esse roteiro à sua preferência.
Centro
Inaugurada em 1909, a principal casa de espetáculos do Brasil – e uma das mais importantes da América do Sul – foi inspirada na Ópera de Paris.
Suas escadarias de mármore, seus vitrais, suas pinturas e esculturas – de artistas como Eliseu Visconti, Rodolfo Amoedo e os irmãos Bernardelli – até hoje encantam os frequentadores que caminham por seu piso de mosaicos e mesmos os artistas que ali se apresentam, levam a um outro tempo, a um outro mundo, repleto de arte e beleza.
É um pouco de Europa em meio à carioquíssima Cinelândia.
E essa forte conexão com o Velho Mundo era evidente na programação de seus primeiros anos, quando recebia apenas companhias e orquestras estrangeiras. Com o passar do tempo, no entanto, o TM começaria a fomentar os talentos nacionais.
Em 1931, nasceu a Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, para acompanhar ou coestrelar programas com gigantes da música, dentre eles Maria Callas, Sarah Bernhardt, Igor Stravinsky e Enrico Caruso.
E hoje a casa tem Coro, Balé e a Orquestra Sinfônica próprios.
Em 2010, na celebração de seu centenário, o TM recuperou a beleza e o esplendor de seu projeto original, depois de passar por uma minuciosa restauração, que consumiu mais de dois anos de trabalho intenso.
Para tanto, foi montada uma verdadeira orquestra de especialistas nas mais diversas áreas: douramento, madeira, restauração de pinturas artísticas, vitrais, mosaicos, cerâmicas, cobertura de cobre, infraestrutura, acústica, iluminação e procedimentos de prevenção e combate a incêndio.
Ao todo, 915 profissionais (350 restauradores e 565 da construção civil) trabalharam incansavelmente e realizaram um trabalho monumental, que consumiu 219 mil folhas de ouro, 57 toneladas de cobre, 1.500 novas luminárias e mais de cinco mil lâmpadas.
Atualmente, o Theatro Municipal tem programação variada – que inclui dança, música, óperas e uma série de eventos especiais – de março a dezembro e disponibiliza visitas guiadas de terça a sábado, de 11h às 16h.
Como chegar no Theatro Municipal?
Endereço: Praça Floriano, Centro, Rio de Janeiro-RJ
Metrô: Cinelândia
Cravada no coração da Lapa – num prédio que em outras encarnações já foi armazém, hotel e cinema – e com mais de meio século de atividade e muita história, a Sala é uma das casas de concerto mais tradicionais do Brasil.
Reconhecida por sua excelente acústica, uma das melhores da América Latina, ao longo dos anos adquiriu uma personalidade tão forte que passou a ser chamada, carinhosamente – e apenas – de “a Sala”.
Mas a Sala também é famosa por seu belo edifício, hoje ainda mais imponente, depois de extensa e cuidadosa reforma, concluída em 2014. Agora com novos assentos distribuídos em dois níveis de plateia, acessibilidade e um bistrô (para uma pequena refeição, um café ou um drinque antes ou depois do espetáculo), a Sala chegou ao século 21 com instalações modernizadas e pintura que recupera sua cor original.
A abertura do frontão da fachada principal em janela panorâmica com vista para o Passeio Público, a Igreja da Lapa do Desterro e o Aterro do Flamengo, um toque arquitetônico especial, integrou ainda mais a Sala com o Largo da Lapa e trouxe luz natural para dentro do prédio.
Para não perder uma de suas principais marcas, foi preservado o famoso painel modernista que adorna o fundo do palco. Seu estilo é tão marcante que inspirou o desenho da luminária do foyer.
O prédio anexo à Sala hoje abriga o novo Espaço Guiomar Novaes, transformado em uma sala multiuso, para orquestras; de ensaios para apresentações até recitais de menor porte.
Ou seja, na Sala, o espaço para boa música é farto.
Como chegar na Sala Cecília Meireles?
Endereço: Largo da Lapa, 47 – Centro, Rio de Janeiro-RJ
Metrô: Cinelândia
A casa de espetáculos mais antiga do Rio de Janeiro, inaugurado por Dom João VI em 1813, com o nome de Real Theatro de São João (inspirado no Real Theatro de São Carlos, de Lisboa) e, durante muitos anos, o maior teatro do Brasil, este espaço, para além de sua atividade cultural, foi cenário de importantes acontecimentos históricos do país. Ali, por exemplo, Dom Pedro I assinou a primeira Constituição brasileira.
Sua versatilidade para abrigar gêneros de espetáculos variados – de operetas, a concertos, de comédias e grandes musicais a espetáculos aquáticos (e isso aconteceu de verdade, quando se chamava Teatro São Pedro de Alcântara) – e sua localização – em plena Praça Tiradentes, sempre um ponto de efervescência cultural – fizeram dele um dos mais conhecidos e respeitados espaços cênicos do país.
Por aqui passaram ícones das artes, como Eleonora Duse, Martins Pena, Chiquinha Gonzaga, Fernanda Montenegro, Gal Costa, Paulo Autran, Bibi Ferreira e, claro, João Caetano, seu atual patrono, considerado o primeiro grande ator do Brasil.
Um detalhe que poucos conhecem: dois painéis do pintor Di Cavalcanti, os primeiros murais modernistas da América Latina, são destaque na decoração do teatro.
Em seus mais de 200 anos de existência, o Teatro João Caetano trocou várias vezes de nome, sofreu três incêndios, mas uma coisa não mudou em todo esse tempo: sua vocação para receber grandes sucessos.
Como chegar no Teatro João Caetano?
Endereço: Praça Tiradentes, s/n – Centro, Rio de Janeiro-RJ
Metrô: Carioca
Situada num ponto estratégico da capital fluminense, ao lado da Central do Brasil e do Campo de Santana, coladinha ao burburinho da SAARA, a Biblioteca Parque Estadual, ultra moderna e arejada, é uma biblioteca pública multifuncional, um espaço cultural e de convivência.
Em seus 15 mil metros quadrados, a BPE disponibiliza um acervo com livros, quadrinhos, filmes, músicas digitalizadas e biblioteca infantil.
A BPE tem uma longa história: fundada em 1873 por Dom Pedro II, a antiga Biblioteca do Rio de Janeiro passou por diversos endereços e mudou de nome várias vezes. Em 1943, ganhou o endereço atual: Avenida Presidente Vargas, número 1261.
Sua renovação, concluída em 2014, segue projeto de Glauco Campelo, o mesmo arquiteto que desenhou nos anos 1980 o prédio que a biblioteca havia ocupado até então. O projeto de ambientação arquitetônica e mobiliário é de Bel Lobo e o de paisagismo, da Fundação Burle Marx.
Como chegar na Biblioteca Parque Estadual?
Endereço: Avenida Presidente Vargas, 1261, Centro, Rio de Janeiro-RJ.
Metrô mais próximo: Presidente Vargas
O prédio que abriga a Casa França-Brasil – um centro cultural versátil, onde acontecem desde instalações até eventos multimídia, pertinho da Igreja da Candelária e no trajeto da Orla Conde – simboliza as transformações causadas na cidade pela chegada da Família Real ao Brasil e teve uma trajetória longa e conturbada antes de assumir sua função atual.
A transferência da Corte Portuguesa para o Rio de Janeiro, mais de 200 anos atrás, trouxe uma grande transformação econômica, política e cultural ao país. Por ordem de D. João VI, iniciou-se um intenso processo de modernização na cidade, que incluiu a construção deste prédio.
O casarão inaugurou o estilo neoclássico no Rio, em 1820, projetado pelo arquiteto francês Grandjean de Montigny. Serviu originalmente de Praça do Comércio e, ironicamente, foi palco, em 1821, da primeira revolução liberal do Rio de Janeiro, quando o povo se rebelou ao saber que a família real decidira voltar para Portugal levando a riqueza acumulada no Brasil e, mesmo de longe, mantendo rígido controle sobre a colônia.
Poucos anos mais tarde, com o Brasil já independente, foi transformado por D. Pedro I em Alfândega, função que exerceria até 1944.
Com a transferência da Alfândega para outro lugar, tornou-se um mero depósito, deteriorando-se rapidamente. Mais tarde, depois de submetido a obras urgentes, novamente o imóvel mudou de utilização, e, de 1956 a 1978, serviu ao II Tribunal de Júri. Até que, após a transferência do Tribunal, a construção foi desativada.
Somente na década de 1980 a vocação atual do prédio começou a ser desenhada, por iniciativa de Darcy Ribeiro, então Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro. quando firmou-se um convênio entre os governos federal, estadual e o Ministério da Cultura da França para a reforma do antigo prédio. Mas somente em 1990 seria, enfim, inaugurada a Casa França-Brasil.
Completamente restaurado em 2009, o prédio hoje abriga exposições temporárias, bem como eventos especiais.
Como chegar na Casa França-Brasil?
Endereço: Rua Visconde de Itaboraí 78, Centro-Rio de Janeiro-RJ
Metrô: Uruguaiana
Zona Sul
Antes mesmo de ser transformada em centro cultural, a Casa – um centro cultural completo de localização privilegiada, defronte ao mar de Ipanema – já era ponto de encontro de artistas como Tônia Carreiro, Fernanda Montenegro, Camila Amado e o grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone, que ensaiavam na casa, com a presença constante da anfitriã, Laura Alvim, uma dedicada apoiadora das artes, que doou o imóvel ao Governo do Rio de Janeiro em 1983, seis meses antes de sua morte.
A Casa iniciou suas atividades em 1986 como espaço multicultural com teatro, cinema, auditório para palestras, galeria de arte destinada a exposições e salas de aula para cursos da área artística e cultural.
Após ter passado por extensa reforma, que modernizou suas instalações, a Casa adquiriu, a partir de 2016, nova identidade visual, com dois teatros completamente modernizados, três cinemas, um grande salão para eventos, de frente para o mar, salas multiuso, galeria de arte e bistrô, sempre oferecendo uma programação variada e de qualidade. Inclusive para a meninada: todos os fins de semana há pelo menos um espetáculo destinado aos pequenos.
Como chegar na Casa de Cultura Laura Alvim?
Endereço: Av. Vieira Souto, 176 – Ipanema, Rio de Janeiro-RJ
Metrô: General Osório
Existem muitos motivos para visitar o Parque Lage, 52 hectares de espaço público no Jardim Botânico, com vegetação exuberante, à sombra do morro do Corcovado. Mas o melhor talvez seja conhecer o palacete ocupado pela Escola de Artes Visuais (EAV).
Referência no ensino das Artes, fundada pelo artista plástico Rubens Gerchman em 1975, a EAV ocupa a mansão que foi residência do armador Henrique Lage, um prédio em estilo eclético tombado pelo IPHAN cercado por exuberante Mata Atlântica e alamedas convidativas.
O imóvel foi dado de presente a sua esposa, a cantora lírica italiana, Gabriella Besanzoni, que ali organizava grandes festas para a sociedade carioca, entretendo-os com sua música, cantando no pátio central do edifício – cujo destaque é uma piscina, onde, nos anos 1980, a banda de pop-rock Kid Abelha gravou um videoclipe para a música “Como Eu Quero” – ou em um de seus salões.
Voltada para o ensino de arte contemporânea de forma abrangente, a escola oferece aulas que misturam várias vertentes da arte com música, teatro, dança, cinema, vídeo, fotografia e novas tecnologias.
Por conta dessa diversidade, a EAV sempre abrigou iniciativas ousadas e estimulou o pensamento artístico. Nos anos 1970/1980, era um centro de resistência à ditadura, realizando encontros de poesia marginal, exposições de fotografia, exibição de filmes censurados, montagens teatrais, e shows de artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Milton Nascimento. Sediou, ainda, a primeira publicação gay do Rio de Janeiro,o “Lampião”, editada pelo hoje autor de telenovelas, Aguinaldo SIlva.
Atualmente, a EAV oferece ao público mostras gratuitas na mansão principal também no espaço das Cavalariças, onde são expostos os trabalhos realizados na escola.
E os visitantes têm a seu dispor o Plage Café, aberto para cafés da manhã, almoços e lanches.
Outro atrativo do Parque Lage: periodicamente recebe a feira da Junta Local, com uma variedade de produtos locais.
Como chegar na EAV Parque Lage?
Endereço: Rua Jardim Botânico, 414, Jardim Botânico-Rio de Janeiro-RJ
Metrô: Integração Gávea.
Niterói
Dedicado à história política e artística fluminense, o Museu do Ingá – ou simplesmente Ingá, como é carinhosamente chamado por seus frequentadores – ocupa o prédio do Palácio Nilo Peçanha, no bairro do Ingá, em Niterói, que foi sede do governo do Estado do Rio de Janeiro de 1904 a 1975. O museu atua como centro de estudo, de preservação e de divulgação da memória política e artística do antigo Estado do Rio de Janeiro e de então sua capital, a cidade de Niterói.
O acervo do Museu do Ingá conta com mais de quatro mil itens, distribuídos em diferentes coleções, entre as quais a Coleção Palácio do Ingá, com mobiliário, porcelana, cristais, numismática, documentos, fotografias, esculturas e pinturas da antiga sede do governo fluminense.
Inclui, ainda, a Coleção de Arte Popular, oriunda do antigo Museu de Artes e Tradições Populares; a Coleção Lucílio de Albuquerque, com obras deste importante artista plástico brasileiro; a Coleção Ernani do Amaral Peixoto, com itens do antigo interventor e governador do Estado do Rio; e a Coleção Banerj, uma das maiores coleções públicas de arte moderna do Brasil, com obras de artistas como Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Cícero Dias e Emeric Mercier.
Nos fins de semana, o Ingá recebe fica aberto para piqueniques e oferece atividades variadas, como encontros multissensoriais para crianças e suas famílias.
Como chegar no Museu do Ingá?
Endereço: R. Pres. Pedreira, 78 – Ingá, Niterói-RJ
Zona Norte
Situado no bairro de Marechal Hermes, Zona Norte do Rio, o teatro foi inaugurado em abril de 1954 pelo então prefeito da cidade, na época ainda Distrito Federal, Dulcídio do Espírito Santo Cardoso.
Seu nome é uma homenagem ao jornalista e dramaturgo Armando Gonzaga, célebre autor de comédias de costumes na primeira metade do século XX, no Rio de Janeiro, que participou da chamada ‘Geração Trianon’, ao lado de Viriato Corrêa, Gastão Tojeiro e Oduvaldo Vianna.
A obra de Gonzaga, na maioria comédias leves,
tinha como temática conflitos familiares, costumes cotidianos e situações
envolvendo personagens tipicamente cariocas.
O prédio tem projeto arquitetônico de Affonso Eduardo Reidy, jardins de Burle
Marx e painéis laterais de Paulo Werneck. O tombamento do teatro foi realizado
pelo Instituto Estadual de Patrimônio Cultural (INEPAC), em 1989.
Hoje oferece diversos espetáculos e desempenha função bastante ativa em fomentar expressões artísticas da comunidade, oferecendo cursos de teatro, dança e vídeo.
Como chegar no Teatro Armando Gonzaga?
Endereço: Av. Gen. Osvaldo Cordeiro de Farias, 511 – Mal. Hermes, Rio de Janeiro-RJ