Os filmes serão exibidos na Sala Rio 40º, durante três semanas seguidas, dentro do projeto Cineclube Rio de Telas
A Casa França-Brasil festeja dezembro de forma especial, presenteando os cinéfilos com a apresentação de três consagrados filme brasileiros: “Janela da Alma”, “Colegas” e “Feliz Ano Velho”.
Estes filmes serão exibidos na Sala Rio 40º, durante três semanas seguidas, dentro do projeto Cineclube Rio de Telas, produzido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa, através do setor de Audiovisual.
“Janela da Alma” é a atração desta terça-feira (03/12), em duas sessões, uma pela manhã, ás 12h20m, e outra, à tarde, às 16h, com exibição gratuita.
O documentário é um longa de João Jardim, que marca na co-direção a estreia de Walter Carvalho, um dos mais destacados diretores de fotografia do cinema nacional, que atualmente também levou sua arte para a telinha da TV. Além do elo do amor pelas imagens, outro motivo muito forte une os dois diretores: os muitos graus de miopia de ambos.
Assim, “Janela da Alma” não é tão somente um filme sobre pessoas de “vista curta”, mas um olhar sensível e aprofundado sobre os sentidos da visão. Leva para a tela o depoimento de dezenove pessoas, de um total de 50 entrevistas, coletadas em duas etapas, no Brasil e no exterior, mostrado os diferentes graus de deficiência visual, da miopia à cegueira total, ao contar como se veem, como enxergam os outros e como percebem o mundo.
O escritor e prêmio Nobel José Saramago, o músico Hermeto Paschoal, o cineasta Wim Wenders,o fotógrfo cego franco-esloveno Evgen Bavcar, o neurologista Oliver Sacks, a atriz Marieta Severo, o vereador cego Arnaldo Godoy, entre muitos outros, fazem revelações pessoais e inesperadas sobre vários aspectos relativos à visão.
Abordam o funcionamento fisiológico do olho, o uso do óculos e suas implicações sobre a personalidade, o significado de ver ou não ver num mundo saturado de imagens e também a importância das emoções como elemento transformador da realidade, considerando que ela não é a mesma para todas as pessoas, é óbvio.
Para João Jardim, a ideia do filme surgiu de uma vivência muito pessoal dele mesmo: “Achava que o fato de ter uma miopia muito grande influenciava em minha personalidade e até em minha vida”, confessa o diretor.
O encontro com o parceiro, conta Jardim, foi obra do acaso, até porque nada parece ser coincidência nesta vida. “Estava passando o Carnaval com Walter Carvalho, em Búzios, numa praia de ondas fortes, e o vi dentro da água de óculos, furando as ondas. É uma situação em que as pessoas tiram os óculos. Então, pensei, esse cara tem uma história para contar. E tinha.”
Para Walter Carvalho, vale lembrar que o foco central do filme não é a dificuldade de se viver no mundo sem ter a visão perfeita: “É sobretudo um ensaio sobre o olhar e não sobre a cegueira”, enfatiza Carvalho.
Dentro desse universo, há depoimentos que emocionam, como o do vereador mineiro Arnaldo Godoy, que perdeu a visão no fim da adolescência, o músico Hermeto Paschoal, que sempre enxergou muito pouco, e o fotógrafo franco esloveno, Evgen Bavcar que é cego.
Os dois diretores destacam ainda as falas do escritor português José Saramago e do cineasta alemão Wim Wenders. Autor de “Ensaio sobre a Cegueira” e “Caverna”, Saramago diz no filme que nunca estivemos tão próximos da caverna, de Platão, como atualmente: “Somos bombardeados por imagens de todos tipo, sombras que cremos reais”.
CINEMA E ACESSIBILIDADE SOBRE A SÍNDROME DE DOWN
O filme “Colegas”, de Marcelo Galvão, é o cartaz da próxima terça—feira (10/12), na Sala Rio 40º, da Casa França-Brasil, com duas sessões diárias: uma pela manhã, às 12h20m, e outra, à tarde, às 16h.
Os jovens Stallone (Ariel Goldenberg), Aninha (Rita Pook) e Márcio (Breno Viola) viviam em um instituto para portadores de síndrome de Down. Um dia eles decidem fugir para se aventurar e realizar o sonho individual e acabam se envolvendo em situações inesperadas e muitas confusões.
Com narração de Lima Duarte, que na história faz o papel do jardineiro, de quem os jovens roubam o automóvel, o experiente ator dá um show, com uma proposital levada de contador de histórias, usando seu talento natural de um mineiro bom de “causos”.
Então, o resultado é uma trama brincalhona, que coloca o tempo no liquidificador, misturando celulares, gírias velhas, veículos de épocas diferentes com diálogos absurdos e superdoses de referências visuais extraídas de filmes famosos, tais como Pulp Fiction, Taxi Driver, Blade Runner, Cães de Aluguel, Cidade de Deus, Tropa de Elite, Psicose, Thelma & Louise.
Na vida real, esses sãos filmes que os meninos especiais curtiam na viodeoteca da tal instituição, como se estivessem degustando um saboroso milk-shake.
FELIZ ANO VELHO – O ÚLTIMO FILME DE DEZEMBRO
Na Casa França-Brasil, a Sala Rio 40º, faz o encerramento do calendário de cinema deste ano com uma atração de peso. Na terça-feira (17/12), será apresentado longa-metragem “Feliz Ano Velho”.
É um filme brasileiro de 1987, do gênero drama biográfico, escrito e dirigido por Roberto Gervitz, que se inspirou no livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva. “Feliz Ano Velho” é um filme superpremiado em todos os festivais onde foi apresentado, como o Festival de Gramado, no qual conquistou sete prêmios; o Festival de Cinema de Natal (RN), que lhe conferiu três prêmios; e o Rio Cine Festival, onde arrebatou quatro premiações. Tudo isso no mesmo ano, em 1988.
Gervitz retratou a vida de Marcelo Rubens Paiva, nas fases anterior e posterior ao acidente, que o deixou tetraplégico. É uma trama comovente, extraída diretamente da realidade da vida de um jovem que, ao mergulhar, bate com a cabeça na pedra do fundo de um lago. Diante do imponderável, ele começa a reviver e a resgatar momentos importantes de seu passado. E descobre uma nova maneira de viver.
No elenco de “Feliz Ano Velho”, grandes atores se destacam em seus papéis em torno da vida do personagem central, desempenhado pelo ator Marcos Breda. Os demais personagens foram interpretados por Malu Mader, Bety Gofman, Marco Nanini, Eva Wilma, Flávio São Tiago, Odilon Wagner, Carlos Lofler e Lisandra Souto.