A Superintendência de Museus, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio (Sececrj), está realizando apoio técnico para coleção de cerca de 500 peças de religiões de matriz afro-brasileira no Museu da República. O material, que foi apreendido entre 1889 e 1945, estava reunido no Museu da Polícia Civil e a libertação era um pedido antigo das lideranças religiosas do estado, através do movimento “Liberte Nosso Sagrado”. A mudança foi realizada na última segunda-feira (21).
Em um trabalho conjunto, a Superintendência de Museus, o Sistema Estadual de Museus e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) têm acompanhado o processo desde 2010, quando começou a análise das peças e a discussão para onde seriam levados. Em 2018, o Museu da República foi escolhido e o trabalho de inventário e catalogação realizado pela SMU e IPHAN foi essencial para o andamento do processo. O Ministério Público Federal também acompanhou o processo desde o início.
– Oferecemos esse apoio para todos os museus do estado que necessitam deste serviço. Essa coleção é considerada muito importante e o Museu da República foi uma excelente escolha para recebê-la. Vamos realizar o plano de trabalho conjunto para continuidade do apoio e trabalho técnico, como, por exemplo, uma catalogação mais detalhada com todas as informações de pesquisa necessárias. O trabalho terá a participação das lideranças religiosas, que vão ajudar a descobrir a história de cada objeto – disse a superintendente de Museus da Sececrj, Lucienne Figueiredo.
Na coleção, que é tombada pelo Iphan, há instrumentos musicais, imagens e outros objetos sagrados. As peças foram apreendidas em terreiros de candomblé e umbanda por autoridades policiais entre 1889 e 1945, quando o Código Penal Brasileiro legitimava a intolerância religiosa. A Constituição de 1891 definiu que o estado brasileiro é laico e existe a liberdade de religião, mas a repressão usava artigos do Código Penal para confiscar os objetos e prender os religiosos.