A Praça XV se liga à história da Independência do Brasil devido a dois momentos emblemáticos, a chegada da família real e o Dia do Fico. O primeiro fato ocorreu no dia 8 de março de 1808, quando D. João VI e sua corte desembarcaram na Praça, chamada na época de Largo do Paço. A viagem foi o resultado da luta travada entre a França de Napoleão Bonaparte e a Inglaterra. Isso porque, um ano antes, em 1807, Napoleão deu o ultimato à Portugal: ou D. João fecharia seus portos para os navios ingleses, confiscando propriedades e prendendo súditos britânicos, ou seria declarada a guerra. Evitando romper as relações com a Inglaterra, a Coroa portuguesa se mudou para o Brasil com o objetivo de fugir da invasão francesa.
Sua primeira casa foi o Paço Real, posteriormente chamado de Paço Imperial e que se localiza na Praça XV. Hoje, o espaço abriga a Biblioteca Paulo Santos, tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC). Em seu acervo, encontram-se livros, periódicos, catálogos, teses e folhetos de temática variada, mas que merecem atenção especial no que tange aos documentos de arquitetura e urbanismo no Brasil.
Outro espaço na Praça XV que se conecta com a vinda da família Real é o Convento do Carmo, que, a partir de 1808, passa a abrigar D. Maria I. O Convento testemunhou a ocupação inicial da cidade do Rio e serviu à Igreja Católica de 1611 em diante, até ser ocupado pela rainha “louca”. Essa alcunha foi atribuída à D. Maria por ela apresentar problemas psiquiátricos que a impediram de governar, transferindo a regência a D. João em 1792.
No período em que governou o Reino sediado no Brasil, D. João VI decretou a abertura dos portos às nações amigas, sobretudo, à Inglaterra. Não só isso, permaneceu no país mesmo com a derrota de Napoleão e, em 1815, elevou o Brasil ao título de Reino Unido a Portugal e Algarves. Esses foram fatores relevantes para o movimento que eclodiu em Portugal no ano de 1820: a autonomia dada à colônia incomodava os liberais portugueses. Desse modo, eles se rebelaram e formaram uma Junta Provisória que exigiu o retorno de D. João VI. Com a ida do rei para a Europa, em 1821, D. Pedro se tornou príncipe regente.
A Junta Provisória deu origem às Cortes, que determinaram a volta do príncipe. Em decorrência disso, D. Pedro protagonizou outro evento histórico que aconteceu na Praça XV, o “dia do fico”, em janeiro de 1822. Mais precisamente, no mesmo Paço Imperial que havia sido a morada de sua família. A partir de então, todos os seus atos foram no sentido de uma ruptura com Portugal.
Endereço: Praça XV – Centro, Rio de Janeiro