Projeto conta com edital inédito e mostra imersiva gratuita
A população fluminense poderá mergulhar na história de um dos maiores pensadores brasileiros. A exposição imersiva “Darcy Ribeiro: dos Kadiwéu ao Quadrup” foi aberta nesta quarta-feira (26/10), na Biblioteca Parque Estadual – Centro, e segue em cartaz até o dia 8 de novembro, gratuitamente. A ação faz parte do projeto “100 anos Darcy Ribeiro” e também prevê o lançamento de um edital, com distribuição de cinco prêmios no valor de R$ 50 mil cada um, totalizando R$ 250 mil distribuídos para empreendedores culturais do Estado do Rio de Janeiro. As inscrições serão abertas na próxima terça-feira (01/11).
“Esse projeto contempla diversas vertentes, fomentando a economia criativa através do edital, e homenageando um grande personagem brasileiro com a exposição. Os visitantes vão poder vivenciar um pouco da importância de um dos nossos maiores referenciais, que é o Darcy, uma pessoa que empoderou a cultura indígena e negra, inclusive no nosso estado. É um reforço ainda mais potente da identidade da nossa gestão à frente da cultura”, destaca a Secretária de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, Danielle Barros.
Logo ao chegar ao foyer do teatro da Biblioteca Parque, um texto de apresentação e uma linha do tempo com fotografias recebem os visitantes. Em seguida, um monitor habilitado em Libras realiza visita guiada, levando todos a um passeio pela história da cultura indígena da tribo dos Kadiwéu, em Mato Grosso do Sul. A mostra conta com curadoria do antropólogo, fotógrafo e pesquisador Milton Guran.
“Darcy Ribeiro pensou o país com muito amor, com muita competência, com muita erudição, com muita pesquisa, com muita reflexão. São poucos os países que produziram intelectuais capazes de esquadrinhar a sua história e sua formação social como Darcy fez com o Brasil: na política, na educação, na educação básica, na universidade. Darcy é um monumento intelectual da nossa identidade nacional. Celebrá-lo é celebrar a nós mesmos”, afirma Guran.
Todo conteúdo escrito da exposição possui texto em Libras e os espaços contam com audiodescrição. Além disso, o teatro disponibiliza elevador e banheiros adaptados. Para ter acesso, basta o visitante utilizar a entrada principal da Biblioteca Parque Estadual, durante o horário de funcionamento, das 10h às 17h, para ser encaminhado à mostra imersiva.
Além da exposição e do edital, o projeto “100 anos Darcy Ribeiro” prevê a realização de um ciclo de palestras e debates sobre as ideias e realizações de Darcy na área da educação, sob a coordenação da Fundação Darcy Ribeiro. Esses eventos serão realizados no Auditório Darcy Ribeiro da Biblioteca Parque Estadual e no Núcleo Avançado em Educação – Colégio Estadual José Leite Lopes, no bairro do Andaraí, zona norte do Rio de Janeiro, entre novembro e dezembro de 2022.
“Sem dúvidas, Darcy é um dos mais notáveis brasileiros. E a melhor maneira de homenageá-lo é dar continuidade ao seu legado. Ele deixa um exemplo fantástico para o povo brasileiro e uma grande contribuição para a cultura nacional. Será um prazer garantir a oportunidade para que mais pessoas conheçam o seu trabalho”, ressalta Toni Lotar, conselheiro da Fundação Darcy Ribeiro.
O conjunto de ações está sendo realizado pela Muriqui Cultural, em coprodução com a Zucca Produções, apoio do Oi Futuro e patrocínio da Oi, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura.
A imersão na cultura indígena da tribo dos Kadiwéu, cuja reserva fica na fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai, tem um motivo. No final dos anos 1940, Darcy Ribeiro fez minuciosa pesquisa de campo sobre a etnia dos Kadiwéu, entre os anos de 1947 e 1948, logo que ingressou no extinto Serviço de Proteção aos Índios (SPI).
O resultado desse estudo foi documentado por ele no livro “Kadiwéu: ensaios etnológicos sobre o saber, o azar e a beleza”, com descrições das relações familiares desse grupo indígena, das estratégias que empregam para a proteção de suas terras, dos mitos que integram seu universo de crenças, dos seus cantos xamanísticos, das pinturas feitas em seus corpos e também nas cerâmicas.
A exposição é dividida entre sete núcleos: A Saga do Kadiwéu (com trechos do documentário “A nação que não esperou por Deus”, da cineasta Lúcia Murat, de 2015), cenas da vida cotidiana, dança, grafismo, guerreiros e ceramistas, os Kadiwéu de hoje, Rondon e Lévi-Strauss. Completam a mostra uma pequena, porém exemplar, seleção de peças de cerâmica – uma das faces mais ricas da cultura Kadiwéu – e a documentação da grande festa dos povos originários em homenagem aos mortos ilustres, o Quarup do Xingu.
As inscrições ficam abertas do dia 1 a 27 de novembro e serão destinadas para propostas que tenham ligação com a vida ou obra de Darcy Ribeiro. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas no site www.100anosdarcyribeiro.com.br. Em caso de dúvidas, os candidatos podem escrever uma mensagem para o e-mail: 100anosdarcyribeiro@gmail.com.
Podem participar pessoas jurídicas (associações, MEI, sociedades, fundações e empresas individuais de responsabilidade limitada), com ou sem fins lucrativos, que desenvolvam atividades artístico-culturais. As propostas podem ser inscritas para gerar qualquer tipo de produto – livros, filmes, sites, álbuns musicais, vídeos, intervenções artísticas, podcasts, entre outros – ou evento cultural, como exposições, feiras, seminários, simpósios e espetáculos presenciais ao vivo. Serão aceitos também projetos de pesquisa, desde que o resultado seja disponibilizado gratuitamente ao público. As produtoras contempladas terão seis meses para realizarem suas propostas e disponibilizarem-na para o público.
Nascido no dia 26 de outubro de 1922, em Montes Claros, Minas Gerais, Darcy Ribeiro foi um dos mais importantes pensadores brasileiros. Sociólogo, antropólogo, educador, escritor e indigenista, defensor da causa indígena e da educação pública de qualidade. Recebeu os títulos de Doutor Honoris Causa da Universidade Sorbonne, da Universidade de Copenhague, da Universidade do Uruguai e da Universidade de Brasília. Os estudos publicados em vasta produção bibliográfica são chaves para o entendimento da cultura indígena e da formação do povo brasileiro. Foi membro da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira número 11.
Como político, foi ministro de Educação e Cultura, Chefe do Gabinete Civil da Presidência da República, Vice-governador do RJ, senador, secretário de Cultura e secretário de Educação, ambos do RJ. Darcy Ribeiro faleceu em 17 de fevereiro de 1997, em Brasília, cidade onde exercia mandato como senador da República. E o centenário de seu nascimento é uma oportunidade para celebrar sua vida e sua obra.
Edital “100 anos Darcy Ribeiro”
Inscrições gratuitas no site www.100anosdarcyribeiro.com.br
Período: de 1 de novembro a 27 de novembro de 2022
Resultado final: de 15 a 30 de dezembro de 2022
Exposição “Darcy Ribeiro: dos Kadiwéu ao Quarup”
Período: de 26 de outubro a 8 de novembro
Horário de visitação: de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h
Local: Biblioteca Parque Estadual
Endereço: Av. Presidente Vargas 1.261 – Centro – Rio de Janeiro – RJ
Informações: (21) 2216-8501
Gratuito