fbpx

Bate-papo com Ana Botafogo, primeira bailarina do Ballet do Theatro Municipal


A dança é uma expressão cultural praticada desde os primórdios da humanidade. No entanto, apenas no ano de 1982 foi instituído o Dia Internacional da Dança, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). E para celebrar a data, comemorada hoje (29/04), a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (Sececrj) convidou Ana Botafogo, primeira bailarina do Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (TMRJ), para um bate-papo especial.

Ana ingressou no TMRJ em 1981, mas seu início no ballet foi antes, em 1976. Desde então, lá se vão 46 anos de história em palcos por todo o mundo. Durante a conversa, a Primeira Bailarina vai usar essa experiência para abordar temas importantes da dança na vida das pessoas, como inclusão social, oportunidades profissionais e popularização do ballet no Rio de Janeiro. 

Qual a importância da dança na sua vida?

A dança teve sempre um papel de destaque na minha vida. Eu não consigo lembrar mais da minha vida antes da dança. Desde criança comecei a aprender ballet, me profissionalizei, e lá se vão mais de 40 anos como bailarina profissional. Somente no Theatro Municipal estou há quatro décadas. A dança, mais especificamente o ballet, é poder contar a história através da sua interpretação e da sua arte.

E o que representa para você ser a primeira bailarina do Theatro Municipal?

Ser a primeira bailarina tem um caráter muito importante, pois no Municipal pude representar diferentes ballets de todo o mundo. Procuro sempre estar à frente das ações que o Municipal propõe e busco trazer à tona a importância deste potente equipamento, onde a dança, a música e a ópera estão presentes. O título de primeira bailarina é o mais importante que eu já conquistei em toda a minha vida.

Durante esses 46 anos de carreira, de que forma você vê a popularização do ballet no Rio de Janeiro?

Sempre tive essa preocupação ao longo da minha carreira, logo lá no início, mesmo antes de me tornar bailarina do Theatro. Tive oportunidade de dançar muito ao ar livre, levar um pouco da nossa dança para perto do povo, porque eu tinha esperança que depois eles pudessem ir ao Theatro e conhecer o nosso palco e as nossas grandes produções. O próprio Municipal sempre promoveu políticas de formação de plateia para levar a população para assistir. Também foi muito importante a criação de projetos sociais que foram entrando nas comunidades e desvendando talentos escondidos. Hoje, essa popularização evoluiu muito. A nossa dança tem um papel importante na cultura do nosso país, sempre representada junto às outras artes.

De que forma você acha que a dança pode atuar como ferramenta de inclusão social?

A dança é uma arte transformadora e agregadora. No seu ensino, ela agrega, inclui a criança em um meio social e envolve toda a família através do ensino dessa arte. Além disso, a dança ajuda não só na parte física, por causa dos exercícios de respiração, alongamento e coordenação motora, mas também na parte mental, desenvolvendo o comprometimento e disciplina do aluno.

Para finalizar, quais conselhos você pode dar para quem quer ingressar na profissão? Quais as principais dificuldades ao longo do caminho?

Foco, muita determinação e nunca deixar de fazer as aulas e treinamentos diários, porque isso é fundamental na vida do bailarino. E, claro, entrar para uma companhia de ballet. Às vezes, o adolescente participa de muitos festivais, mas é necessário que ele entre profissionalmente em um espetáculo de ballet para se desenvolver.