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Alunos da Maria Olenewa retomam aulas presenciais no palco do Municipal

Escola Estadual de Dança adota protocolo contra a Covid-19 para formação de futuros bailarinos


O diretor Hélio Bejani passa seus conhecimentos aos alunos da Maria Elenewa, no Municipal do Rio. Crédito: Gui Maia/SECECRJ

A Escola Estadual de Dança Maria Olenewa está retomando suas aulas presenciais para os alunos do curso técnico de dança clássica. A instituição, que pertence ao Theatro Municipal, vinculado à Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, vem proporcionando aos aprendizes a experiência de pisar num dos palcos mais famosos do mundo. Além da disciplina e da técnica, os participantes estão tendo que seguir rigoroso protocolo contra a Covid-19 para viabilizar essa retomada com segurança.


Os rapazes, que são minoria na Escola, estão já todos participando de aulas práticas. Para Romilton Santana, 22 anos, a emoção de realizar essa preparação no palco do Municipal é fantástica. “Muito emocionante estar nesse templo sagrado, que chamamos de nossa casa. Pretendo me formar na Escola e buscar outros caminhos. Viver da minha dança e da minha arte”, conta o aluno, que nasceu em Araruama e hoje mora em Santa Teresa, na região central do Rio.

Romilton Santana espera se formar e atuar como bailarino. Crédito: Gui Maia/SECECRJ

Durante o ano passado, por conta da pandemia, os alunos da Maria Olenewa, cujo nome é uma homenagem à famosa bailarina, coreógrafa e professora russa que viveu no Brasil, tiveram que se limitar às aulas online. No ano letivo de 2020, os estudantes acompanharam através do ensino remoto matérias complementares mais teóricas e conversas de apoio psicológico, além de atividades voltadas para manutenção e reforço da musculatura.


Mas a técnica de dança propriamente dita acabou praticamente inviabilizada, pois nem todos dispõem de espaço apropriado em casa para o treinamento. Por isso, essa retomada é vista com tanta euforia pelos novatos.


“Em casa nos viam pela tela do computador ou do celular. Mas é muito difícil o professor corrigir sem estar perto. Por isso precisamos desse apoio, desse espaço, com todos esses materiais para fazer uma boa aula”, explica Melanie Matos, 17 anos, moradora de Niterói, que vem atravessando a Baía de Guanabara quase diariamente para se formar em bailarina.


Além da distância, ela precisa enfrentar o rígido protocolo da Escola contra a Covid-19, que exige a higienização constante das mãos e o uso de máscara, mesmo durante os exercícios mais pesados. Só pode tirá-la para beber água.
Somado ao privilégio de ter aulas nesse palco tradicional, onde um dia talvez possam vir a se apresentar, os alunos têm ainda a vantagem de fazer os exercícios ao som do piano. Toda a ambientação já prepara os estudantes para a realização máxima, que é a participação em um balé clássico.

Melanie Matos mora em Niterói e enfrenta distância para estudar balé. Crédito: Gui Maia/SECECRJ

O esforço dos alunos para se formarem não é à toa e já começa pela concorrida seleção para o ingresso na Escola, que reúne centenas de candidatos. A tradição e a qualidade da Maria Olenewa é um passaporte para companhias renomadas, inclusive do exterior. Com 94 anos de existência, a instituição do Municipal é considerada a mais antiga do Brasil do gênero. Pela Escola, se formaram muitos bailarinos do próprio Theatro como Cícero Gomes, Aurea Hammerli, Nora Esteves, Claudia Mota e Márcia Jaqueline.

Hélio Bejani, atual diretor da Escola, em apresentação no Municipal, em 1994.


O diretor da Escola, Hélio Bejani, explica que a evolução dos alunos vai sendo avaliada aos poucos, sem que eles tenham que ser submetidos a aulas intensivas demais para compensar o tempo perdido, o que poderia causar danos físicos. O compromisso da instituição, que tem 280 alunos, é dar continuidade à sua formação de qualidade. Depois de ter encantado plateias com sua dança, sua missão vem sendo formar novos bailarinos para atuar no Brasil e no mundo.


“Minha função atual não substitui o palco até porque eu me realizei na minha carreira. Dancei tudo o que eu gostaria de dançar, todos os primeiros papéis da companhia. Dancei por 18 anos aqui dentro. Meu prazer hoje é abrir a cortina e saber que estou ajudando essa galera no futuro deles”, declara o diretor, que acompanha pessoalmente as aulas.