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Projetos da Lei Aldir Blanc para museus deixam legados culturais

Instituições de diversos municípios fluminenses conseguem resultados permanentes com verba emergencial


Casa Scliar, de Cabo Frio, investiu na formação de artesãs que produzem em suas próprias casas. Crédito: Divulgação.

Museus fluminenses beneficiados por editais da Lei Aldir Blanc do Estado do Rio estão colhendo frutos da premiação emergencial, que estão indo além da ajuda necessária na pandemia. Projetos aprovados pela Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa no âmbito do auxílio geram legados para as instituições e para as comunidades em seu entorno. Mesmo afetadas pelas medidas de afastamento social, algumas instituições conseguiram vencer as dificuldades e até se reinventar nessa fase.

“Um dos desafios que a Secretaria enfrentou durante a elaboração dos editais e na execução da Lei Aldir Blanc foi o de abranger a maior diversidade possível de manifestações culturais e artísticas. Ficamos muito felizes em saber que instituições de caráter museológico foram não só contempladas, como estruturam ganhos permanentes através desse benefício de curto prazo”, afirmou a secretária Danielle Barros.

Um dos museus do estado premiados no ano passado e que continuam obtendo resultados desse auxílio é a Casa Museu Carlos Scliar, de Cabo Frio. O projeto da instituição conseguiu aliar as comemorações do centenário do artista que habitou o lugar com o trabalho junto ao quilombo de Baía Formosa. Mulheres da comunidade quilombola receberam capacitação para a produção de cerâmica e para a montagem de pequenas oficinas em casa.

O projeto gerou o documentário “Somos Divas na Luz do Candeeiro” (veja no link) e proporcionou às participantes, além do aprendizado, uma fonte de renda para suas famílias.

“Os recursos da Lei Aldir Blanc viabilizaram a incrementação do projeto com a instalação de equipamentos e ferramentas necessárias nas casas das seis quilombolas e a possibilidade de chegar até a fase de vitrificação, além das aulas de modelagem, pintura, queima e a precificação. O projeto passa a ter um corpo maior e finalizado de maneira completa, e viabiliza a manutenção da atividade porque além do curso foi possível montar essas pequenas oficinas na casa de cada uma”, explica a coordenadora Maria Cristina Ventura.

Museu de Favela, no Cantagalo e Pavão-Pavãozinho, recuperou painéis e ganhou fôlego para novos projetos. Crédito: Divulgação.

O Museu de Favela, que compreende as áreas dos morros Cantagalo e Pavão-Pavãozinho, na Zona Sul do Rio, também aproveitou a lei emergencial para dar uma guinada. A interrupção do tour guiado nas comunidades por conta da pandemia acarretou prejuízos para a entidade. No entanto, a verba da LAB proporcionou a realização de eventos e de um tour virtual, que ficou permanentemente na página do lugar no Facebook (o vídeo está disponível no link). O restauro de painéis do roteiro do museu a céu aberto também serviu de estímulo à volta por cima.

O ponto de cultura e terreiro de São Gonçalo Ẹgbẹ Ìlẹ̀ Ìya Omidayè Àṣẹ Obalayò utilizou o auxílio da LAB para criar um aplicativo que pretende deixar como legado um mapeamento da herança cultural africana tanto no estado quanto no país. O Igbá – Heranças Ancestrais, que também tem versão em inglês, já traz uma série de informações sobre essa cultura, como a indicação de locais referenciais para esses povos e seus descendentes e terreiros de religiões de matriz africana.

Aplicativo fará mapeamento da herança africana

A plataforma digital, disponível para os sistemas Androide e iOS, permite acesso colaborativo, pois as pessoas e instituições poderão cadastrar seus dados, o que proporcionará o mapeamento inédito dessa cultura no país. Inicialmente, será possível identificar terreiros, blocos afros, afoxés, baianas do acarajé e grupos de capoeira. A tecnologia tem sido aliada do espaço cultural, que também criou um tour virtual em 3D.

“Este é um aplicativo voltado para unir, organizar e dar visibilidade para todas e quaisquer culturas de povos e comunidades tradicionais de matriz africana”, afirma Arethuza Doria Pereira, responsável pelo projeto.

A superintendente de Museus da Sececrj, Lucienne Figueiredo, ressalta que a pandemia afetou drasticamente pequenos museus, mas a participação em editais tende a amenizar esses efeitos e também pode provocar mudanças positivas para as instituições.

“Profissionais de museus foram pegos de surpresa com o fechamento das portas no ano passado, mas estão aprendendo aos poucos que podem elaborar projetos culturais e até expor seus bastidores, o que pode gerar bastante interesse. Saber que esses projetos estão tendo efeito multiplicador e gerando legados é uma ótima notícia”, disse Lucienne.