A história do “rei”, que completa 83 anos nesta sexta-feira (19/04), já foi contada e recontada de várias formas e por inúmeras pessoas. Uma delas é especial: a do parceiro e amigo Erasmo Carlos. Ao participar da série “Depoimentos para a posteridade”, do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, o cantor e compositor contou detalhes da relação da dupla e o surgimento da Jovem Guarda. Além do relato exclusivo de Erasmo, o MIS RJ salvaguarda relíquias, como os discos de vinil com as trilhas sonoras dos filmes “Roberto Carlos em ritmo de aventura” (1968) e “Roberto Carlos e o diamante cor-de-rosa” (1970).
Ao todo, o museu preserva quase mil itens relacionados ao cantor que começou a carreira no final da década de 1950, no Rio de Janeiro, com o grupo The Sputiniks. Desde então, o sucesso passou a fazer parte da vida de Roberto Carlos, que se consagrou como um dos cantores de maior prestígio do país. Em 1965, veio a proposta para um novo projeto que, mais uma vez, elevaria o patamar de Roberto Carlos no mundo da música. Era um programa musical na TV Record com o nome “Jovem Guarda”.
No testemunho dado ao MIS em maio de 1985, Erasmo Carlos contou como surgiu o movimento considerado, à época, uma alienação em relação ao Regime Militar e à Ditadura. Erasmo lembrou também o que ouviu de Roberto Carlos ao receber o convite para participar da nova atração na TV:
“O Roberto chegou lá, então ele falou que queria que… dividir o programa comigo, porque eu era um cara que tinha boas ideias e tudo mais. Inclusive, que eu ia ser produtor também. (…) Aí, daqui a pouco disseram: ‘mas, era bom uma menina, pô. Uma imagem, uma menina, para compor, fazer um trio e tudo mais’. Então, ficou entre Rosemary e Wanderléa. ‘Ah, uma é mais bonitinha. Não, a outra é mais bonitinha, que não sei o quê.. então, optaram pela Wanderléa, porque a Wanderléa era da CBS. Era a mesma gravadora do Roberto, então achou que seria um trabalho melhor”, revelou Erasmo, sobre o surgimento do trio precursor da Jovem Guarda.
Ao longo de mais de 60 anos, Roberto e Erasmo Carlos compuseram, juntos, mais de 700 canções. “Parei na contramão” está entre as primeiras da dupla, que tem ainda “É proibido fumar”, “Cavalgada”, “Jesus Cristo”, “Detalhes”, “Emoções” e outras centenas. Para celebrar o aniversário desse ícone do romantismo, o Museu da Imagem e do Som preparou uma seleção especial de músicas do acervo sonoro, que salvaguarda mais de 600 itens relacionados a Roberto Carlos. A playlist está no ar na Web Rádio MIS RJ (www.webradio.mis.rj.gov.br) em três horários: 9h, 15h e 21h. Segundo o presidente do MIS RJ, Cesar Miranda Ribeiro, a homenagem é também um presente para os ouvintes.
“Roberto Carlos é um exemplo de versatilidade na música brasileira. Começou no rock, se consolidou no romantismo e conquistou uma posição que o permite se apropriar de qualquer gênero musical. Assim como o MIS, o ‘rei’ reforça as conexões entre as gerações e mexe com a memória afetiva das pessoas. O museu tem a alegria e a responsabilidade de eternizar sua vida e obra, suas ‘tantas emoções’, que já se tornaram patrimônio para a cultura brasileira”, afirmou Cesar Ribeiro.
Além dos arquivos sonoros, o MIS preserva preciosidades no setor iconográfico, como a foto do “rei” saltando de paraquedas durante a filmagem de “Roberto Carlos em Ritmo de Aventura”. A fotografia faz parte da Coleção Nelson Motta. O longa-metragem, lançado em 1968, foi baseado no disco com mesmo nome e que também integra o acervo do museu, na Coleção Hermínio Bello de Carvalho. O LP estourou nas rádios da época, reunindo sucessos, como “Eu sou terrível”, “Como é grande o meu amor por você e “Quando”.
Outra relíquia do MIS é o disco com a trilha sonora do segundo filme estrelado pelo “rei”, em 1970, na companhia de Erasmo e Wanderléa. Além do LP “Roberto Carlos e o diamante cor-de-rosa”, que pertence à Coleção Discoteca Pública do Distrito Federal, o museu guarda ainda o registro fotográfico feito durante as gravações e que mostra o trio da Jovem Guarda em conversa com o diretor Roberto Farias. São sons e imagens que permitem revisitar o passado do astro da música brasileira, que até hoje encanta fãs de várias gerações.
Todo o acervo do museu, que integra a rede de equipamentos culturais do Governo do Estado e é vinculado à Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (Secec-RJ), está à disposição do público e dos pesquisadores. Para acessar o material basta enviar e-mail para saladepesquisa@mis.rj.gov.br e agendar uma visita ao Centro de Pesquisa e Documentação Ricardo Cravo Albin.