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Cais do Valongo

O Cais do Valongo possui um significado ímpar para as gerações de outrora e para as de hoje. Isso se dá pela sua importância na história da escravização dos negros oriundos da África. Ele foi o maior porto de entrada de escravizados da América Latina e, portanto, tornou-se um lugar de memória da diáspora africana. Visitar o Cais do Valongo é manter a indignação com esse processo tão violento que marca a formação do Brasil e que foi um pilar estruturante da nossa economia.

O Cais foi construído em 1811, a mando de D. João VI. Considerava-se necessário retirar o comércio de escravos da região central do Rio de Janeiro, na atual Praça XV, e levá-lo para o subúrbio da cidade. Isso representou uma tentativa de isolamento dessa prática, para que ela não afetasse o cotidiano da população branca. Mesmo quando D. Pedro I assumiu o poder, o tráfico de negros continuou presente. A Constituição promulgada no dia 25 de março de 1824 mantinha a ordem social baseada no açúcar, no café e no tráfico de escravos.

O modelo econômico que desumanizava a população negra só foi totalmente abolido no final do segundo reinado, passado o período regencial (quando D. Pedro I abdicou do trono em favor de seu filho, ainda criança) e a maior parte do período em que D. Pedro II esteve à frente do Brasil.

Algumas leis foram decretadas antes da Lei Áurea. É o caso da lei que proibia o tráfico de escravos, resultante da pressão exercida pela Inglaterra. Tal medida entraria em vigor no ano de 1830, mas foi apenas com a Lei Eusébio de Queirós, em 1850, que o tráfico ilegal foi verdadeiramente coibido. A Lei Áurea, por sua vez, foi assinada em maio de 1888 pela Princesa Isabel, filha de D. Pedro II com a Imperatriz Teresa Cristina.

Diante desse contexto, sabe-se que a descoberta das ruínas do Cais, em 2011, durante o projeto de revitalização da Zona Portuária do Rio de Janeiro, significa um resgate da história da população negra brasileira. O local foi aterrado com a Reforma Pereira Passos, ocorrida no início do Século XX. Entretanto, na época, o Cais já não era mais o Cais do Valongo e sim, o Cais da Imperatriz. Esse nome foi dado em 1843, quando houve uma reforma para receber o desembarque da Imperatriz Teresa Cristina. Sua vinda era motivada pelo casamento com D. Pedro II.

Endereço: Praça Jornal do Comércio – Av. Barão de Tefé, Saúde – I – R.A. Portuária _ – Rio de Janeiro.

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