Cenário conhecido em todo o mundo, o Parque Lage é, há décadas, um dos mais belos cartões postais do Rio de Janeiro. Aos pés do Morro do Corcovado, o equipamento – ligado à Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio (Sececrj) – atrai cariocas e turistas para os seus 52 hectares que une a floresta fechada e o contexto urbano. Nesta quarta-feira (15), quando completa uma semana da reabertura na flexibilização do isolamento social da Covid-19, um fato especial: 55 anos do seu tombamento, o primeiro feito pelo estado Rio, que foi fundamental para a preservação da história do espaço.
O tombamento número 03/300.290/1965, Dec.”E”788, de 15.07.1965 garantiu a manutenção do Parque Lage com suas características originais e iniciou o processo para o mesmo em outros monumentos do estado. Na década de 1950, foi iniciada uma especulação imobiliária que cogitava lotear o terreno do Parque Lage. A intervenção estadual encerrou o movimento, mantendo intactos jardins, florestas, grutas, torreão, lagos, represas, ruínas de um mirante e o Palacete, que completa 100 anos de construção em 2020.
– O Parque Lage constitui um esplêndido conjunto arquitetônico representativo da arquitetura eclética de influência italiana do início do século XX. Mas por trás desse conjunto, o local em si reúne alguns dos mais significativos contextos da história do Rio de Janeiro. Chegar aos 55 anos do tombamento desse bem tão importante para o estado é realmente uma grande satisfação e cabe sempre lembrar que o Parque Lage foi o primeiro tombamento da Divisão do Patrimônio Histórico e Artístico da Guanabara, que é o órgão precursor do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) – conta Claudio Prado de Mello, diretor-geral do Inepac.
Inicialmente um engenho de açúcar, ao longo do tempo, a área do Parque Lage foi de propriedade de diferentes famílias tradicionais do Rio de Janeiro. Entre o final do século XIX e início do XX, o amor de um casal abrilhantou a história da região. Herdeiro da chácara da Cabeça, o empresário Henrique Lage construiu o famoso Palacete para a sua mulher, a cantora lírica italiana Gabriella Bezanzoni.
O imóvel virou um espaço de eventos da sociedade carioca. Após a morte de Lage em 1941, como não tinha filhos, seguindo as leis da época, a União incorporou o terreno, deixando a viúva, uma estrangeira, sem a sua herança. De volta à Itália, Gabriella trabalhou como professora de canto, realidade bem distante da vivida no Rio.
– O estado teve uma participação muito importante na preservação da história do Parque Lage com esse tombamento. Uma história muito rica, digna de roteiro de filme, com idas e vindas. Até hoje, o Parque Lage mantém seus jardins, o Palacete e a temática cultural, assim como sonhava o casal Henrique Lage e Gabriella Bezanzoni – disse o arquiteto Manoel Vieira.
Há uma semana, o Parque Lage reabriu as suas portas após quase quatro meses fechado como medida preventiva de combate ao contágio do novo coronavírus. Até esta terça-feira (14), o espaço recebeu 2.188 visitantes seguindo todas as recomendações das autoridades de saúde.
O funcionamento é de 10h às 16h, de segunda-feira à domingo. Os cuidados começam logo na entrada principal, a única que está funcionando. Os visitantes só podem entrar com máscaras e têm a temperatura aferida. Há um limite de 200 pessoas acessando o parque por hora. O Palacete também reabriu limitando-se a entrada de 100 pessoas por vez.
– O Parque Lage possui uma história muito rica, que está sendo preservada por décadas. Por isso, segue sendo um dos pontos turísticos mais visitados do Rio, além de abrigar a Escola de Artes Visuais, mantendo viva também a essência cultural do espaço – disse a secretária de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio, Danielle Barros.