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Série Depoimentos do MIS-RJ é retomada no formato online

Dirceu Rabelo (TV Globo) é o primeiro locutor a contribuir com o acervo e respondeu a perguntas feitas a distância


Equipe do MIS-RJ e da SECEC no estúdio da Biblioteca Parque Estadual com o locutor Dirceu Rabelo. Crédito: MIS-RJ

O Museu da Imagem e do Som (MIS-RJ) retomou a série “Depoimentos para a Posteridade” com inovações. Criada em 1966, a gravação dos testemunhos históricos contou pela primeira vez com a participação virtual de entrevistadores para deixar registradas a vida e obra do locutor Dirceu Rabelo, conhecido como “A Voz da TV Globo”. A contribuição de um profissional dessa atividade também é inédita no extenso acervo, que já contém falas de importantes artistas.

Aos 76 anos, Rabelo é a voz-padrão dos intervalos da programação da TV Globo e foi não só uma testemunha viva das mudanças pelas quais passou esse tipo de narração no país como imprimiu um estilo próprio ao seu trabalho na emissora. Sua qualidade técnica, com entonação e colocação de voz perfeitas, se comprovam pela longevidade e pelo registro emocional de cada brasileiro ao reconhecer seu timbre em slogans como ““Globo e você tudo a ver” e no inesquecível “Vem aí mais um campeão de audiência”.

A gravação ocorreu na última segunda-feira (17), no estúdio da Biblioteca Parque Estadual, no Centro, sede da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro. A participação virtual no Depoimento foi do apresentador do SBT Celso Portiolli, diretamente de São Paulo e, de casa, no Rio, o diretor da Divisão de Promoções da TV Globo, Francisco Wanderley. A mediação foi realizada pela jornalista Márcia Benazzi.

Rabelo conta que enfrentou muitos desafios, principalmente por sua colocação de voz bastante natural que contrastava com os estilos caricatos dos locutores da época do início de sua carreira, nos anos 1960.

“Não sou muito de dar entrevista. Aliás, tenho até trauma disso por ter sido confundido uma vez com um homônimo numa reportagem. Também sou um pouco tímido. Mas ali me senti à vontade. Fiquei muito feliz com o convite para dar o depoimento ao MIS. Quis deixar registrada minha história para ajudar outros profissionais e dar minha contribuição”, conta Rabelo, que está criando um espaço cultural na Taquara, onde pretende dar aulas, e escreve um livro.

Presidente do MIS, Cesar Miranda Ribeiro exaltou a inovação tecnológica como aliada do museu para retomada do programa.

“O formato online foi necessário por questões de segurança contra a Covid-19, mas acredito que possa ser usado com frequência para facilitar a participação de entrevistadores e depoentes. Procuraremos também diversificar e democratizar o perfil das personalidades daqui para frente”, disse.

Dirceu Rabelo foi o primeiro locutor a gravar depoimento para o MIS-RJ. Crédito: MIS-RJ

“A retomada da gravação da série Depoimentos Para a Posteridade é uma conquista para o MIS, que soube se reformular durante essa pandemia. Esperamos depoimentos de profissionais das mais diferentes áreas da Cultura para que fique um legado da diversidade que temos no estado e no país na música, TV, cinema, rádio, teatro e todas as expressões artísticas”, declara a secretária de Estado de Cultura e Economia Criativa, Danielle Barros.

Perfil de Dirceu Rabelo

Em seu depoimento, Rabelo conta sua história e seu início na profissão, que segundo ele deveria ter mais mulheres. Casado pela segunda vez, depois de ter ficado viúvo, o locutor revela sua admiração pela voz feminina. Sua versatilidade, no entanto, o empurra para o MMA, que acompanha com paixão e, quem sabe, pode vir um dia a narrar. Rabelo começou como locutor de rádios do comércio de rua, transmitidas por alto-falantes, e não pretende parar tão cedo. Com a pandemia, passou a gravar dentro de casa, no closet, onde garante que a acústica é perfeita. Sua voz nunca sairá da memória dos brasileiros e agora está eternizada no acervo do MIS.

Com ele, não tiveram vez mais os “erres” trepidantes nitidamente regionalistas nem narrações com voz empolada dos que procuravam aparecer mais do que os textos. Seu segredo, conta ele, vem da capacidade de interpretação, adquirida no teatro e que potencializa a imaginação dos espectadores.

O ritmo e entonação dependem da mensagem e tipo de programa e esse perfeccionismo é encontrado até hoje. Ficaram marcantes nas chamadas do jornalístico Fantástico, no tom mais suave dos anúncios da Sessão da Tarde e até no atual No Limite, com jeito de aventura.

Sobre a série Depoimentos para a Posteridade

Em 1966, o Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, inaugurou o projeto Depoimentos para a Posteridade, inédito programa de história oral criado para preservar a memória de diversos setores da cultura nacional, tais como a música, a literatura, o cinema e as artes plásticas. Atualmente conta com um acervo de mais de mil depoimentos, de figuras notáveis, como Pixinguinha, João da Baiana, Donga, Heitor dos Prazeres, Dorival Caymmi, Nelson Rodrigues, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Humberto Mauro, Pelé, Paulo Coelho, Fernanda Montenegro, Paulinho da Viola, Gilberto Gil, Nelson Motta, Zuenir Ventura, Nicete Bruno, Zeca Pagodinho,
Paulo César Pinheiro, Daniel Filho, entre outros. Vale lembrar que a gravação fica à disposição do público, nas salas de consulta do MIS, 48 horas depois do término da entrevista.