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Entrevista com o novo diretor-geral do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), Cláudio Elias:


Quais serão suas prioridades à frente do instituto?

Meu maior desafio é fazer com que a atuação do Inepac traga mais resultados e benefícios para a sociedade. A preservação do patrimônio tanto material quanto imaterial tem enorme importância cultural e sócio-econômica. E precisamos tirar mais proveito das riquezas do nosso estado, que são admiráveis. Também pretendo adotar uma gestão com maior envolvimento por parte dos servidores, a fim de integrar mais o órgão. Outra prioridade será trazer mais parcerias com outras entidades públicas, principalmente com as universidades.

Conte um pouco sobre sua última experiência como presidente da MultiRio (Empresa Municipal de Multimeios da Prefeitura do Rio).

Em um ano como presidente da MultiRio pude implementar alguns projetos que me orgulham. Um deles é o MultiRio Para Todos, em que firmamos parcerias com prefeituras e entidades públicas com o objetivo de realizar cooperações. Nesse âmbito, criamos um curso para os professores montarem suas videoaulas, o que foi uma urgência durante a pandemia. Houve uma procura estrondosa. Também realizamos diversos projetos para ajudar a viabilizar o ensino remoto para os alunos da rede municipal.

Como sua carreira acadêmica como físico pode contribuir para sua gestão?

Muitas pessoas podem achar que as áreas das ciências exatas são conflitantes com a cultura, mas não é verdade. O objetivo da ciência é o de contribuir com o progresso e enriquecer o conhecimento humano, dialogando com todas as áreas. Sou professor da UERJ, onde é oferecido curso de arqueometria, que tem muito interesse por parte de arquitetos e arqueólogos, para citar um exemplo. É um aspecto que vamos ver cada vez mais no mundo contemporâneo, que é a integração dos diferentes ramos do saber e do conhecimento. Além disso, sou apaixonado por História e vai ser um prazer imenso lidar com esse universo.

Como o senhor vê o trabalho de tombamento e de fiscalização de imóveis históricos?

Acredito que a preservação, feita com critérios técnicos, é um instrumento valioso para evitar a destruição da nossa memória e das belezas arquitetônicas. Nos países ditos desenvolvidos, esse é um processo já muito mais consolidado e bem compreendido. O resultado é que nesses países, principalmente na Europa, há um aproveitamento econômico intenso do patrimônio histórico, sobretudo através do turismo. Temos que adotar essa visão aqui também e perceber que o tombamento não é um peso, mas um ganho, incentivando o retorno econômico da preservação. Equalizando esse aproveitamento, acredito que fiscalizar a adequação às características originais tombadas fica muito mais fácil.