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João Cabral de Mello Neto, um intelectual ligado às raízes brasileiras


Considerado como obra-prima de João Cabral de Mello Neto, o poema  “Morte e Vida Severina, Auto de Natal Pernambucano”, é também a criação mais popular em sua vasta obra. A história do retirante que deixou sua terra natal em busca de uma vida melhor recebeu aplausos e ampla divulgação, através de versões adaptadas para teatro e cinema, quadrinhos com versão audiovisual da obra em 3D, além do musical assinado por Chico Buarque e de ter inspirado uma produção para a televisão.

O escritor foi o primeiro brasileiro contemplado com o Prêmio Camões – instituído pelos governos do Brasil e de Portugal em 1988 aos autores que mais contribuem para enriquecimento do patrimônio literário da língua portuguesa.  João Cabral foi um colecionador de prêmios literários.

Diplomata de carreira e imortal da Academia Brasileira de Letras, João Cabral desenvolveu um estilo próprio, sem proximidade com as características perceptíveis na poesia de seus contemporâneos da Geração de 45. Era poeta por excelência, embora com obras também em prosa. Desenvolveu uma linguagem objetiva e rigorosa e uma escrita regionalista, marcada pelo rigor estético e a crítica ambiental.

Um dos mais importantes intelectuais de seu tempo, sua maior paixão foi a literatura, deixando uma produção extensa. O acervo do autor na Casa Rui Barbosa revelou cerca de 40 poemas inéditos e mais de 20 textos em prosa, além de entrevistas.

João Cabral de Mello Neto nasceu na cidade de Recife, em 9 de janeiro de l920. Parte da infância foi vivida nos engenhos da família nos municípios de São Lourenço da Mata e de Moreno. Aos dez anos voltou com sua família para Recife, onde teve educação aprimorada.

Em 1938 já frequentava o Café Lafayette, ponto de encontro dos intelectuais locais.  Foi também em Recife que ele conviveu com artistas de diversas áreas – sempre de orientação moderna -, tornando-se próximo de Vicente do Rego Monteiro e Willy Lewin. Mais tarde, morando no exterior, conviveu com Picasso, André Masson, Miró, Mondrian, Paul Klee e muitos outros. Voltou a residir no Brasil em 1987.

João Cabral foi um cosmopolita, mas nunca deixou de ser um homem ligado a suas origens. É como se toda a sua poesia e a maneira de ver o mundo tivessem uma única origem: a infância nos engenhos pernambucanos e a juventude no Recife e no Rio. Faleceu no Rio de Janeiro em 1999, aos 79 anos, deixando um grande legado para a cultura brasileira.

Principais obras:
• Pedra do Sono (1942);
• O Engenheiro (1945);
• Psicologia da composição (1947);
• O Cão sem Plumas (1950);
• O Rio (1954);
• Morte e Vida Severina (1955);
• Duas Águas (1956);
• Poesia e composição (1956) [prosa];
• Da função moderna da poesia (1957) [prosa];
• A Educação pela Pedra (1966);
• Auto do Frade (1984);
• Primeiros poemas (1990);
• A Educação pela Pedra e Depois (1997).