A Casa-França Brasil, instalada no prédio histórico que vai completar 200 anos em 2020, realizou, este sábado, o 3º Encontro Nacional do Mestre-Sala e da Porta-Bandeira, em clima pré-carnavalesco. Prestigiado por personalidades do mundo do samba deste importante segmento do Carnaval, o encontro foi na realidade uma grande reunião entre sambistas, mestres-salas e porta-bandeiras, tendo sido prestigiado por estudiosos e pesquisadores do Carnaval, além do grande número de pessoas que lotaram o grande salão do prédio histórico, no centro do Rio.
À frente da grande festa, estava a porta-bandeira Selminha Sorriso, tendo ao famoso parceiro, o mestre-sala Claudinho da Beija-Flor de Nilópolis. Nessa prestigiada função artística, Claudinho e Selminha já estão juntos há 27 anos.
Com apresentação de Milton Cunha, um dos maiores entusiastas dessa grande manifestação da cultura popular brasileira, o objetivo do evento era celebrar o Dia Nacional da Porta-Bandeira e do Mestre-Sala, comemorado em 24 de novembro. Em seu terceiro ano de realização, teve o apoio institucional do governador Wilson Witzel, através da coordenação da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.
Marcado para começar às 10 horas da manhã, o clima festivo tomou conta do local muito antes desse horário. Abrindo espaço entre a multidão de curiosos, destacavam-se os grupos de porta-bandeiras, no total de mais de trinta representantes das escolas, que traziam seus gloriosos estandartes. Afinal, o denominado pavilhão é reverenciado como uma representação sagrada de uma escola de samba. Pouca gente sabe que é expressamente proibido tocar nas bandeiras.
O Encontro Nacional dos Mestre-Sala e da Porta-Bandeira é uma data festiva muito importante do Carnaval carioca, pela oportunidade de se debater questões que envolvem a categoria desses profissionais, que são considerados protetores de nossas tradições culturais, apesar de toda a inovação que está hoje agremiada ao desfiles das escolas de samba.
Dessa forma, a abordagem temática dos cinco painéis montados para o grande debate do encontro versava sobre questões como “história e tradição”,”o respeito ao pavilhão”. “o relacionamento entre a comissão de frente e os apresentadores”, ” a tradição, renovação e os desafios do bailado” e “a indumentária”.
Esta parte do evento foi um momento muito importante para se compreender como é difícil e desafiante montar um desfile de escola de samba. Entre os debatedores, alguns profissionais são considerados “mestres ” da cultura popular, como Haroldo Costa, Rosa Magalhães, Maria Augusta Rodrigues, Carlinhos de Jesus. Também marcaram presença na mesa de debates na Casa França-Brasil os carnavalesco Leandro Vieira e Fernando Magalhães, além de alguns estudiosos do assunto, como Fabio Fabato, a professora Helena Theodoro, o jornalista Aloy Jupiara, entre muitos outras estrelas da folia, como as porta-bandeiras Squel, da Mangueira, e Lucinha, da Portela, além das divinas e maravilhosas figuras femininas da Associação da Velha Guarda, e os presidentes da Liesa, Rodrigo Pacheco, e da Lierj, Jorge Castanheira.
Este ano, o homenageado do evento foi o mestre Manoel Dionísio, estrela dos carnavais de antigamente, mas em plena forma. Ao final, todo mundo caiu no samba, ao som da bateria da Beija-Flor, que animou o boulevard, situado atrás da Casa França-Brasil, e só parou porque as pessoas se lembraram que era hora de voltar para casa para assistir ao final da Taça dos Libertadores. Afinal, carnaval e samba são as duas faces da mesma moeda.